Sergio Negri tem buscado aproximação com os quadros que ao longo do tempo afastaram-se do partido

Eleito presidente do PCdoB do Mato Grosso em novembro passado, Sergio Negri, com os camaradas do estado, já atuam em desafio particular: em 2020, os mato-grossenses voltam às urnas para eleger novo senador, tendo em vista a cassação do mandato da bolsonarista Selma Arruda. Negri falou sobre este e outros assuntos nesta entrevista ao Portal PCdoB, quinta e última de uma série em que ouvimos os dirigentes que pela primeira vez foram escolhidos como presidentes da legenda nos estados.

Sobre a cadeira do Mato Grosso no Senado, o pleito ainda não tem data definida, mas o PCdoB, conta Sérgio, já tem pré-candidata:

“A professora Maria Lúcia [Cavalli Neder, ex-reitora da UFMT] foi candidata em 2018 e contou com mais de 170 mil votos. Viabilizar a eleição dela ao Senado é nossa prioridade de curtíssimo prazo. Estamos articulando com várias forças políticas para garantir um arco de apoios amplo”, explicou.

Além disso, o relógio corre diante da necessidade de fortalecer o partido e ampliar filiações – o que precisa acontecer até abril – para montar chapas visando as eleições municipais.

“Temos muitos camaradas que ao longo do tempo se afastaram do partido por diversos motivos. A tarefa inicial que estou tomando é resgatar esses quadros e o que foi sendo construído ao longo de décadas. Paralelamente, claro, estamos tentando ampliar as filiações, através de nossas organizações, sindicatos, movimentos sociais, juventude, mais uma vez potencializando espaços onde já atuamos”, explicou.

Projeto político eleitoral

O foco do PCdoB em Mato Grosso para as eleições municipais está na capital, Cuiabá, e nas cidades de Rondonópolis e Barra do Garças.

“Estamos priorizando os projetos que consideramos factíveis, sem prejuízo, obviamente, da construção de outros que podem aparecer ou que possamos articular”, ponderou.

“O projeto mais avançado é o Barra do Garças. O camarada Edvaldo Pereira está bem colocado, bastante articulado e acreditamos em resultados positivos por ser uma candidatura bastante competitiva. A chapa de vereadores já está pronta lá. Imaginamos lançar candidatura a prefeito em Cuiabá e em Rondonópolis vamos buscar manter um vereador na Câmara. A princípio ainda não temos candidato a prefeito”, destacou.

Negri explicou que o tamanho do estado gera dificuldades – em termos de tempo e recursos – para realizar articulação em muitos municípios ao mesmo tempo. Assim, as prioridades relacionam-se, entre outros elementos, com o nível de organização do partido no momento.

Ele lamentou que talvez não haja tempo hábil para viabilizar a reconstrução do partido em municípios como Cáceres, Várzea Grande e Tangará da Serra, entre outras, com vistas às eleições de outubro. Mas informou que a expectativa é fortalecer o PCdoB nestas e em mais uma dezena de localidades no prazo de dois anos.

Novo otimismo

Segundo Negri, a nova composição do partido tem animado os militantes. “Em 2020 estamos tentando construir e vendo um novo otimismo no estado, com o resgate do partido, com o resgate da coesão partidária, da união em torno de objetivos claros, bastante realistas, e com novo tipo de relação com os comitês municipais”, resumiu.

“Nosso objetivo é sair do gueto da esquerda. Ampliar para outros setores da sociedade, pequenos e médios agricultores, empresários, intelectuais, profissionais liberais e outras forças políticas tentando construir um projeto, agora para vereadores e prefeitos, e com vistas a 2022, quando imaginamos construir chapas para deputados”, concluiu.

Conheça o novo presidente do PCdoB-MT

Sérgio Negri tem 52 anos e fez um longo caminho entre o Paraná, onde nasceu, e Rondonópolis, a cidade mato-grossense onde vive. Formado em geografia, especializou-se no estudo da organização do espaço, com mestrado concluído em Uberlândia (MG), doutorado no Campus de Rio Claro (SP) da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Há 26 anos, estabeleceu-se como professor da área na UFMT, no campus de Rondonópolis. Atualmente é chefe de departamento, mas já exerceu diversas funções como coordenador e diretor. Pesquisa temas como planejamento urbano regional, espaços agrícolas, dinâmica do agronegócio e globalização.

A militância também tem longa trajetória. Filiado há 21 anos, foi presidente do comitê municipal do PCdoB de Rondonópolis, segunda cidade em termos econômicos no estado, por quatro mandatos. Foi membro de secretarias estaduais, sobretudo atuou na de formação e comunicação, além da comissão política estadual.

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Esta entrevista faz parte da série de reportagens do Portal PCdoB com os presidentes estaduais que assumiram pela primeira vez esta função a partir das Conferências do PCdoB de 2019. Cada dirigente traçou planos de gestão e apontou perspectivas de futuro do Partido Comunista do Brasil local, próximo ao centenário da legenda partidária.

Publicamos entrevista com Rovilson Britto, que tratou dos desafios de eleger prefeitos e vereadores no estado em São Paulo, onde a capital terá candidato comunista pela primeira vez. Com Elton Barz, discutimos as prioridades dos comunistas no Paraná e com José Carvalho, ouvimos sobre a importância que o Movimento 65 pode ter para alavancar o projeto eleitoral do Piauí.  Iara Gutierrez contou os desafios de enraizar o PCdoB nos municípios do Mato Grosso do Sul e sobre a importância do protagonismo feminino na política partidária.