Namy Chequer: “Precisa valorizar organização comunitária em Vitória”

Participação popular é a tônica de uma cidade realmente democrática. É o que pensa o pré-candidato do PCdoB à prefeitura de Vitória, Namy Chequer, conforme afirmou em entrevista ao programa Vozes da Cidade da última quarta-feira (16). Na opinião do historiador, jornalista e ex-vereador, o gestor da capital do Espírito Santo precisa valorizar a tradição de organização comunitária existente na cidade, que está corporificada pelo Conselho Popular de Vitória (CPV), que reúne as associações de moradores dos bairros.

Por Lívia Duarte

“Essa tradição de participação facilita a vida de um prefeito que queira interagir com a população organizada. Esse contato direto tem que ser fortalecido. Tem que ser uma relação de confiança institucional”, destacou.

“O povo de Vitória conhece minha militância de tantos anos e sabe que, com toda certeza [se eu for prefeito], o CPV vai estar na mesa das grandes decisões da cidade, assim como todas as entidades organizadas. A gente tem que fazer uma gestão assim: as decisões tem que ser compartilhadas. Com um prefeito comunista, é claro que essas entidades organizadas de todos os níveis vão estar na mesa sempre, estarão em casa como nunca”, pontuou o pré-candidato.

A militância de Namy Chequer por Vitória vem de décadas: há mais de 40 anos é filiado ao PCdoB e exerceu cinco mandatos como vereador, ocupando a presidência da Casa legislativa no biênio 2015-2016. Entre as causas de destaque como parlamentar estavam a luta pela revitalização do centro histórico e em defesa da educação, da saúde, da ciência e da cultura. Ele também encampou pautas do meio ambiente: é o autor da conhecida Lei do Pó Preto, que determina fiscalização de siderúrgicas e do Porto de Tubarão, fontes de emissão de partículas de carvão e minério que poluem o ar e geram problemas de saúde na população capixaba.

Pensar em saúde

Na opinião de Namy Chequer, o pós-pandemia vai exigir dos gestores municipais pensar ainda mais em saúde pública, fortalecendo o atendimento básico e o Sistema Único de Saúde. “O SUS está salvando o Brasil”, destacou. Ele alertou que esta pandemia precisa deixar lições, pois há risco de novas ameaças do mesmo tipo do futuro.

“O próximo prefeito vai precisar dedicar atenção para saúde, educação e para a questão ambiental. O Pó Preto emitido pela CST e pela Vale é problema sério: é o pulmão do povo capixaba que permite o preço barato com que a Vale vence qualquer concorrência no mercado mundial de minério”, destacou, lembrando que por isso a população da região metropolitana de Vitória está submetida a problemas respiratórios crônicos.

Drama do coronavírus

“Vitória tem uma estrutura de saúde melhor que de outros municípios do estado, mesmo assim lidera o número de casos, mesmo não sendo a cidade mais populosa da região metropolitana”, explicou, ponderando que a sorte é a cidade não estar “no desmando”, visto que, segundo Namy, o prefeito é médico e tem sabido mobilizar as estruturas necessárias e o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, também um quadro do PCdoB, tem usado sua qualificação em prol das pessoas e pedindo constantemente que todos fiquem em casa.

“É difícil a situação porque quando você pede pro povo ficar em casa, você tem que mandar o dinheiro pra lá. E Bolsonaro não manda: quem tem dinheiro, quem pode emitir moeda, lançar mão da reserva cambial, é o governo federal”, ressaltou. “Essa inquietação do povo em ir pra rua, vem muito disso aí. O dinheiro não chega nele lá”, explicou, comentando que também o auxílio para as empresas não chegou.

“Os pequenos, esse pessoal, tá sem proteção nenhuma. O governo federal não está socorrendo nem as empresas pequenas e médias, nem as pessoas. O auxílio que saiu foi aos bancos”, criticou.

Namy também comentou a recente invasão de hospitais por seis deputados estaduais da base Bolsonarista. A ação aconteceu depois que o próprio presidente da República incitou seus apoiadores, numa transmissão ao vivo na internet, a “fiscalizar” os hospitais do país. As declarações levaram a invasões de unidades de saúde em várias partes do Brasil.

Segundo o ex-vereador, no caso capixaba, os parlamentares disseram em vídeos divulgados pela internet que pretendiam mostrar que os hospitais estavam vazios e era mentira a notícia de superlotação. Diante dos hospitais cheios, passaram a denunciar a lotação. No plenário da assembleia legislativa do estado,  xingaram e fizeram ameaças ao secretário de Saúde, Nésio Fernandes.

“Os deputados estão ajudando a fazer cortina de fumaça. Faz parte das histórias como a cloroquina… são manobras diversionistas para tentar esconder a falha do governo federal em liberar o dinheiro do povo”, analisou.

Chapa completa e ampla   

Voltando às eleições municipais, Namy Chequer informou que a cidade de Vitória já tem pré-candidatos e pré-candidatas para formar uma chapa completa de vereadores

“Aqui são apenas 15 vereadores, então a chapa pode ter até 23 nomes. E com certeza vamos eleger um ou dois vereadores. Se tudo der certo, até mais”, aposta.

“E vamos ter uma candidatura majoritária porque conhecemos esta cidade muito bem”, afirmou, lembrando que o partido apoiou a eleição e fez parte da maioria das administrações do município desde a redemocratização.

“O PCdoB é a força política que mais colheu Vitórias entre as forças daqui. Nós participamos de alianças e dessa vez vamos com chapa própria”, destacou.

“O Movimento 65 ajudou a ampliar bastante a participação e estamos em época de ampliar. A gente enfrenta problemas no nosso país que só poderemos responder com uma ampla aliança. Estamos no momento de união: há forças nocivas semeando a discórdia e a descrença entre brasileiros. É hora de fazer frentes amplas e nisto estamos no nosso terreno”, analisou, apostando que jundo da ampliação do diálogo deve fazer crescer “uma chance” que é chegar ao segundo turno e eleger-se.

Assista na íntegra:

Vozes da Cidade 

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