Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

Em julho, 48,1% das negociações salariais ficaram abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e 18,7% tiveram reajustes iguais ao índice, segundo o Boletim Salariômetro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Assim, em um ambiente de estagnação econômica com carestia dos preços dos alimentos e elevado nível de endividamento das famílias, o Brasil chegou 29º mês consecutivo sem ajuste real nos salários.

Dos 289 acordos e convenções coletivas analisados no mês passado, o Salariômetro mostra que apenas 33,2% das negociações ficaram acima do INPC – índice de inflação calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que tem como por base a cesta de consumo de famílias com renda mensal de até cinco salários mínimos. O INPC acumula alta de 10,12% nos últimos 12 meses até julho.

No mês, o piso salarial mediano foi de R$ 1.523, ficando 25,7% acima do salário mínimo, hoje R$ 1.212, que também não é reajustado desde 2019.

Com o arrocho salarial e a inflação corroendo o poder de compra dos assalariados, cerca de 66,8 milhões de brasileiros não conseguiram efetuar os pagamentos de suas contas e dívidas em agosto, segundo números da Serasa Experian. São trabalhadores e trabalhadoras que se endividaram com os bancos e financeiras, com seus juros extorsivos, para cobrir as despesas do dia a dia, como alimentação e contas básicas de água, luz, gás de cozinha, por exemplo, já que os salários não acompanharam os super aumentos que estas despesas tiveram durante o desgoverno Bolsonaro.

A Fipe informou que na prévia de agosto, a proporção das negociações salariais que terão reajustes menores que o INPC chega 70,3%. Sendo que, apenas 1,7% das negociações salariais serão iguais e 20% maiores que a inflação. A entidade alerta que os resultados da prévia estão sujeitos a flutuações e podem alterar com a inclusão de mais instrumentos. Até o fechamento, apenas 60 haviam sido tabulados.

De janeiro a julho deste ano foram realizadas 10.646 negociações salariais, deste total, 45,3% não repuseram nem a inflação, 33,9% tiveram valores iguais ao índice e apenas 20,7% ficaram acima da inflação, ou seja, tiveram ganhos reais em seus salários.

Na análise por setor, o pior resultado ficou com os trabalhadores de empresas jornalísticas, que tiveram reajuste médio real negativo (-4,19%) – ou seja, não recuperaram a inflação-, seguido por pelos de Publicidade e propaganda (-2,80%), Radiodifusão e televisão (-2,25%), Refeições coletivas (-1,66%), Hospitais e serviços de saúde (-1,60%), Estacionamentos / Garagens (-1,53%), Venda, compra, locação e administração de imóveis (-1,47%), Indústria cinematográfica e fotografia (-1,16%) e Comércio de derivados de petróleo (-1,12%).

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