Wadson Ribeiro é o pré-candidato do PCdoB à prefeitura de Belo Horizonte: “BH pode mais”

O pré-candidato do PCdoB à prefeitura de Belo Horizonte, Wadson Ribeiro, foi o entrevistado do programa Vozes da Cidade desta quarta-feira (9). Ao vivo, pela internet, ele comentou o cenário da sua cidade, as dificuldades enfrentadas pelo povo diante da pandemia do novo coronavírus e as prioridades para a gestão municipal no próximo período.

Por Lívia Duarte

Formado em Administração Pública, Wadson foi líder estudantil, tendo presidido a UNE e a UJS. Atuou como secretário executivo do Ministério do Esporte, candidatou-se a deputado estadual e federal, tendo assumido como parlamentar em Brasília por dois anos. Além disso, foi secretário de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais e ouvidor-geral do Estado.

Como atual presidente do PCdoB em Minas Gerais, Wadson também realizou uma análise do panorama político nacional e no estado, reforçando a necessidade de ação estatal para proteger vidas e induzir a economia. Defendeu ainda a ampliação da participação popular. 

“Em que pese o momento atual ser muito negativo no Brasil, eu sou otimista que dias melhores virão e precisamos estar preparados para antecipar esse futuro”, afirmou.

[Na foto, Wadson, então presidente da UNE e Luciana Santos, hoje presidenta nacional do PCdoB, à época prefeita de Olinda-PE] 

“BH pode mais”  

“O desafio de Belo Horizonte é cuidar das pessoas”, resumiu Wadson Ribeiro, que tem repetido que “BH pode mais”. Para o pré-candidato, como reflexo da pandemia é provável que o povo necessite de mais ajuda do poder público. Por isso, explicou, serão necessárias medidas para atender à população de rua que tende a aumentar, apostar na capacidade de indução das políticas de geração de emprego e renda e apoiar as famílias, e especialmente as mulheres, com a criação de creches para as crianças pequenas.

Wadson defendeu uma mudança no perfil do debate político para superar a “mentalidade obscurantista” que tenta tomar conta do espaço público desde a eleição do atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD), em 2016 e, mais acentuadamente, a partir de 2018, com a eleição de Bolsonaro.

“Eu sempre acreditei que nestas eleições o debate em Belo Horizonte não se dará por problemas como asfaltamento de rua ou questão pontual X ou Y. Entendemos que essas questões são importantes porque afetam objetivamente a vida do povo. Mas nossa proposta é resgatar o sentido do engajamento da população e da administração pública”, ressaltou.

“Eu entendo que BH precisa de uma administração que otimize recursos e crie uma nova cultura, uma cidade integrada com seus cidadãos do ponto de vista da participação, da elaboração de políticas públicas e do aperfeiçoamento dessas políticas. E que possa voltar a ser vanguardista: que mesmo em tempos tão obscuros e bicudos, como esse que vivemos no Brasil, BH possa ajudar a dar um Norte para o país, com mais democracia, soberania, tolerância e desenvolvimento”, descreveu.

Geração de emprego  

Segundo Wadson Ribeiro, um dos pontos centrais do seu futuro programa de governo será a geração de emprego e renda. Ele destacou a difícil conjuntura nacional, com três crises simultâneas: sanitária, com milhares de mortos pela covid19; econômica, com um Governo Federal que não faz a ajuda aprovada pelo Congresso chegar ao povo e às pequenas e médias empresas, “privilegiando os bancos”; e política, visto que na visão dele o governo Bolsonaro não respeita nem as instituições nem as organizações da sociedade civil.

Ele destacou como a face mais cruel da pandemia as mortes, “as perdas de vida que são irreparáveis”. Mas sublinhou ser também cruel a dimensão econômica dos efeitos do coronavírus sobre a sociedade. Comentou, por exemplo, sobre a urgência dos pequenos comerciantes, negócios que muitas vezes são familiares, em obter crédito subsidiado. Wadson opinou que a pressão por reabertura não significa apoio a Bolsonaro, mas reflete a falta de ajuda de quem precisou fechar as portas, mas tem despesas mantidas.

Na opinião do pré-candidato, se há responsabilidades que são inerentes à administração federal, no plano municipal há muito o que fazer para gerar empregos. Neste sentido, abordou o tema em três aspectos.

O primeiro é o das compras públicas, que na opinião dele deveriam ser direcionadas com “grandes licitações com empresários e comércio local”, o que permitiria que o dinheiro ficasse na própria cidade. Outra aposta são as frentes de trabalho.

“Achamos que a prefeitura deve envolver as comunidades, os movimentos de luta pela moradia, em frentes de trabalho, de repavimentação, habitações”, pontua.

Além disso, afirmou que a inovação tecnológica será uma via importante para o futuro de BH. “Requer pouco espaço físico e tem um retorno econômico, em modernização e de empregabilidade muito alto”, ponderou, mencionando também a importância de investir no que considera vocações naturais da cidade, como o turismo de negócios e a gastronomia.

Parlamento é fundamental

O pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte falou das dificuldades de fazer política sem contato físico, mas ressaltou que o diálogo segue firme pela internet.

“É difícil porque a gente tem visto o sofrimento das pessoas, especialmente nas periferias. Criamos uma campanha para doação de cestas básicas para ajudar a amenizar o sofrimento do povo. E do ponto de vista da pré-campanha fomos empurrados para as reuniões remotas para não deixar esfriar o debate político”, informou, mencionando a realização de debates virtuais e plenárias com os pré-candidatos do PCdoB à Câmara de Vereadores.

Na opinião de Wadson, o Movimento 65 foi muito positivo para a montagem da chapa de vereadores e vereadoras e deu um caráter mais amplo ao PCdoB na medida em que “não significa abrir mão de ideias que completarão 100 anos”, mas representa tática eleitoral que ajudou a apresentar as propostas da legenda.

“Temos 57 pré-candidatos e pré-candidatas em BH. Aqui temos uma tradição de eleição com chapa própria e estamos otimistas de eleger no mínimo dois parlamentares, quem sabe até mais, e manter uma bancada do PCdoB na Câmara”, analisou. Na última eleição o partido rompeu com a tradição de chapa própria e hoje conta com um parlamentar, o vereador Gilson Reis.

“Isso é importante porque o parlamento é o epicentro do debate político. Não adianta as pessoas estarem ligadas apenas na eleição de prefeito e elegerem câmaras municipais ruins”, frisou.

Eleições em Minas

“É o projeto político mais ousado de toda a história do PCdoB em Minas Gerais”, destacou Wadson Ribeiro. Segundo o presidente da legenda no estado, em linha coma orientação nacional, o projeto eleitoral de 2020 está muito conectado com 2022, quando será importante ultrapassar a cláusula de barreira apresentando candidaturas para deputados federais nas principais cidades do estado.

“Em Minas são oito cidades com 2º turno e já há pré-candidatos para quatro dessas cidades: BH, Ribeirão das Neves, Uberlândia e Montes Claros. E há possibilidade em de uma pré-candidatura majoritária em Uberada”, contou, lembrando que “não em detrimento das cidades menores”, o foco este ano são as cidades com mais de 50 mil habitantes e, especialmente, as que reúnem mais de 100 mil moradores e as que têm 2º turno. Pela legislação eleitoral, apenas as cidades com mais de 200 mil eleitores podem decidir o pleito com 2º turno.

Saiba mais detalhes na entrevista completa:

Vozes da Cidade 

Vozes da Cidade é o programa do PCdoB para as redes sociais que busca debater a realidade dos municípios e a cidade democrática que pretendemos construir. É transmitido ao vivo pelas redes sociais do partido. Acompanhe seguindo no Facebook e marcando o sininho em nosso canal no Youtube.

A próxima edição é na quarta-feira (17). O entrevistado é o pré-candidato do PCdoB à prefeitura de Vitória (ES), Namy Chequer.

Na quinta (18), o Vozes da Cidade recebe o pré-candidato do PCdoB à prefeitura de Campo Grande (MS), Mário Fonseca.

A primeira edição teve como entrevistada a pré-candidata do PCdoB à prefeitura de Salvador, deputada estadual da Bahia, Olívia Santana. Ela tratou da cidade pretende governar e de como a administração municipal pode contribuir para diminuir a desigualdade e o racismo. ASSISTA.

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