Proliferação do coronavírus tem crescimento de 54,8% nos casos em apenas sete dias

A nova variação da Covid-19 encontrada no Reino Unido na semana passada é 70% mais contagiosa do que as registradas até então, ainda que sua infeção não seja mais grave, apontou o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Enfermidades (ECDC).

De acordo com a Agência de Saúde Pública Britânica, uma das alterações desta variante é a mutação N501Y, que ocorre na sequência genética codificadora da proteína Spike (usada para o acoplamento do vírus nas células humanas), localizada na superfície do vírus. “Mudanças nesta proteína podem fazer com que o vírus se torne mais infeccioso e se espalhe mais facilmente entre as pessoas”, assinalou.

O governo do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) apontou nesta segunda-feira (21) que somam 33.364 os contágios pelo novo coronavírus em apenas 24 horas, o que aponta um crescimento de 54,8% no número de casos nos últimos sete dias, totalizando 203.845 na semana.

Nas palavras do secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, a cepa detectada recentemente está “fora de controle”, uma vez que o número de casos “disparou” nos últimos dias. Diante disso, admitiu a necessidade de restrições imediatas para deter sua propagação, que poderão estar em vigor durante meses.

Segundo informaram autoridades da Dinamarca e dos Países Baixos, confirmado pela imprensa, casos da nova variação foram encontradas também na Bélgica, o que reforça ainda mais a necessidade de prevenção e controle no período de Natal e Ano Novo.

“A variante da Covid-19, recentemente descoberta em Londres, é preocupante e terá de ser investigada pelos nossos cientistas. Enquanto isso optamos pelo caminho da máxima prudência”, afirmou o ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, adiantando que qualquer pessoa que tenha transitado pelo Reino Unido nos últimos 14 dias também está proibida de entrar no país.

Da mesma forma, cerca de vinte países da Europa e do resto do mundo proibiram voos – e alguns trens – provenientes da Grã Bretanha. A Espanha se somou a este grupo de países nas últimas horas, com uma medida acordada com Portugal, e somente permitirá o voo de cidadãos espanhóis ou residentes que tenham apresentado exames, já a partir desta terça-feira (22), comprovando que não estão infectados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que, desde que foi comunicada, permanece “em estreito contato” com as autoridades britânicas para contribuir no combate à proliferação da doença.

Apesar de já ter totalizado cerca de 187 mil mortes, o Brasil ainda não tomou qualquer medida e continua recebendo voos do Reino Unido. Com mais de sete milhões de infectados, nosso país continua sendo um dos raros do planeta – e o único da América do Sul – sem qualquer restrição à entrada de estrangeiros por aeroportos, não adotando medidas comuns a visitantes que chegam do exterior por via aérea, sem solicitar a apresentação de diagnóstico negativo para Covid-19 ou quarentena obrigatória de 14 dias.

Somente a partir do dia 30 de dezembro, passageiros de voo internacional que desembarcarem no Brasil precisarão apresentar um teste RT-PCR negativo para coronavírus 19 feito até 72 horas antes da viagem. A decisão, na opinião dos especialistas, infelizmente é tomada “tarde demais”