O desespero do presidente Volodimir Zelenski não era à toa. Enquanto a Rússia promove avanços, a Ucrânia vive uma crise na guerra. “Sem munição de artilharia, toda frente está condenada”, resumiu à DW um oficial de artilharia na linha de frente no leste da Ucrânia. “As perdas aumentarão porque não é possível responder adequadamente fogo com fogo.” Uma organização norte-americana, o Instituto para o Estudo da Guerra, respalda essa visão. Conforme um estudo de sua autoria, as tropas russas “avançam lentamente, mas de forma constante, em vários setores do front”. Até este sábado (20), a Rússia havia conquistado, apenas em 2023, “mais de 360 quilômetros quadrados” do território ucraniano.

Mas essa área voltou a crescer neste domingo (21). O Exército russo anunciou a tomada do povoado de Bogdanivka, situado próximo ao reduto estratégico de Chasiv Yar, no cruzamento na região ucraniana de Donetsk. Agora, o próximo passo esperado pelo governo russo é a conquista da própria Donetsk até 9 de maio.

Na véspera da queda de Bogdanivka, os ucranianos comemoravam a aprovação, na Câmara dos Representantes dos EUA, de um pacote de ajuda de US$ 61 bilhões. Mas a celebração integra a lista de factoides lançados pela Ucrânia para aparentar resistência frente à Rússia.  

“Neste mês, o país anunciou a derrubada de um bombardeiro supersônico russo Tupolev Tu-22M3 pela primeira vez. Também foram atingidas novamente posições de radar na península da Crimeia ocupada pela Rússia, que Moscou usa para organizar suprimentos para suas tropas no sul da Ucrânia”, lembrou a DW. “No entanto, esses ataques parecem ser apenas alfinetadas em comparação com a enorme pressão russa no front e pelo ar.”