STF - Supremo Tribunal Federal (Valter Campanato/Agência Brasil)

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, determinou que o Palácio do Planalto forneça detalhes sobre a viagem à Rússia do vereador fluminense Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), que acompanhou a delegação presidencial no mês passado.

Para Moraes, a viagem pode ter relação com a investigação sobre milícias digitais bolsonaristas, que tramita no STF. Carlos Bolsonaro é citado como um dos integrantes do “gabinete do ódio”, grupo responsável por ataques às autoridades e às instituições democráticas nas redes sociais.

“Determino [que] seja oficiado à Presidência da República para que, no prazo de cinco dias, informe as condições oficiais de participação de Carlos Bolsonaro, vereador pelo município do Rio de Janeiro, na comitiva presidencial que realizou a referida viagem internacional, inclusas as informações sobre os gastos realizados e eventuais diárias pagas, bem como a agenda realizada”, escreveu Moraes na decisão.

O ministro também determinou que a Câmara de Vereadores do Rio informe se Carlos solicitou licença do mandato parlamentar municipal para realizar a viagem.

A apuração sobre a participação de Carlos Bolsonaro na viagem foi solicitada pelo senador Randolfe Rodrigues.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) havia apontado que não existia relação da viagem de Carlos Bolsonaro com o objeto do inquérito das milícias digitais e solicitou a Moraes que retirasse o caso do escopo da investigação, mas o ministro negou o pedido.

A decisão se deu no inquérito que apura milícias digitais nas redes sociais que atacam a democracia e as instituições que as representam.

O ministro rejeitou a posição manifestada pela PGR, que defendeu que a investigação contra Carlos Bolsonaro fosse separada do inquérito das milícias digitais e feita individualmente, com nova distribuição de relator.

Para Moraes, as suspeitas envolvendo a ida de Carlos Bolsonaro à Rússia “guardam aparente relação com o objeto destes autos”.

“Como se vê, a despeito da manifestação do Parquet, os fatos noticiados guardam aparente relação com o objeto destes autos, sendo necessária a adoção de medidas para seu completo esclarecimento, especialmente por esta apuração se debruçar sobre atividade de organização criminosa, com núcleos de produção, publicação, financiamento e político, resultando em ataques ao Estado Democrático de Direito, incluídos os ataques e ameaças ao sistema eleitoral brasileiro”, afirmou o ministro.

O senador Randolfe Rodrigues recorreu ao STF para que Carlos e Tércio Arnaud sejam investigados pela viagem. A suspeita do senador é que os dois possam ter ido à Rússia para obter informações a respeito do aplicativo Telegram.

Arnaud é assessor especial da Presidência Tercio. Ele é integrante do “gabinete do ódio”, que também foi na comitiva que acompanhou Bolsonaro na Rússia. Ele foi no grupo precursor, que viaja antes do presidente, para preparar a viagem.

Ele foi incluído na lista dos que foram para a Rússia apesar dos apelos para cortarem nomes da comitiva, o que acabou levando inclusive ao veto de ministros na viagem, como Paulo Guedes, da Economia.

O “gabinete do ódio” é como ficou conhecido o grupo de assessores de Bolsonaro que, segundo a CPMI das Fake News, alimentariam a milícia digital de apoiadores do presidente, que persegue os adversários de Bolsonaro e espalha desinformação.