Silvio Almeida: um governo contra as mães e contra a vida
Em artigo publicado na Folha de S.Paulo desta sexta-feira (11), o presidente do Instituto Luiz Gama, Silvio Almeida, fala sobre um dos aspectos da crise da democracia: o ataque às mulheres, a atingir, inclusive, a maternidade. E faz referência ao caso da ex-deputada do PCdoB, Manuela d’Ávila.
O artigo parte do relato feito pela escritora Manuela, em seu livro “Revolução Laura” para discutir o ódio que ela e outras mulheres enfrentam cotidianamente.
Almeida cita os mais recentes ataques desferidos contra Manuela e sua filha de apenas cinco anos. O autor conectou as ameaças sofridas por Manuela com o caso de outras mulheres, como as ameaças à deputada federal Talíria Petrone (PSol-RJ); o assassinato da vereadora Marielle Franco e a não conclusão quanto aos mandantes do crime e a recente e trágica morte da jovem grávida Kathlen Romeu.
“Contra a força vital da relação entre mãe e filha, levantou-se a pulsão de morte que mobiliza os atuais ocupantes do governo do Brasil”, diz Almeida.
No artigo, ele aponta que “um país que elegeu Bolsonaro e que o mantém no poder adquiriu tal gosto pela morte que precisa destruir tudo que carrega a possibilidade de gerar a vida, incluindo as mães, tanto as atuais como as potenciais. O Brasil não se restringe a eliminar a vida biológica. O que está em jogo é a própria ideia de ser mãe”.
Silvio coloca que “os ataques sofridos pelas mulheres têm como objetivo muito mais do que controlar ou matar seus corpos. O que se quer, sobretudo, é arrancar-lhes a alma, matando seus filhos ou os expondo a constante ameaça”. E aponta, ainda, a desigualdade, o racismo, a violência e o autoritarismo como traços formadores e históricos da sociedade brasileira que, somados ao caráter necropolítico do atual governo, formam o caldo de horror a alimentar e naturalizar comportamentos que ferem, agridem e matam mulheres e mães. “A verdade é que o Brasil é uma ameaça existencial às mães e filhos deste país. Hoje, o Brasil é o país que compromete o futuro”, conclui.
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Por Priscila Lobregatte
Com Folha de S.Paulo