A reprovação ao governo Jair Bolsonaro voltou a bater recorde, conforme pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (16) pela Folha de S.Paulo. Passada uma semana dos atos golpistas promovido pelo presidente no feriado de 7 de Setembro, Bolsonaro vê a rejeição a seu governo chegar a 53%, dois pontos a mais do que os 51% registrados no levantamento de julho.

Para esses 53%, a gestão bolsonarista é ruim ou péssima. Apenas 22% aprovam o governo, considerando-o ótimo ou bom, enquanto 24% o julgam regular. “Isso sugere que as cenas do 7 de Setembro, com a avenida Paulista cheia por exemplo, reproduzem uma fotografia do nicho decrescente do bolsonarismo entre a população. Se queria fazer algo além de magnetizar fiéis, Bolsonaro fracassou”, comentou o jornalista Igor Gielow, na Folha.

O resultado reflete não apenas o repúdio dos brasileiros aos ataques à democracia – mas também à grave crise econômica do País. O recorde de rejeição acontece em meio à alta da inflação, com gasolina, gás e alimentos mais caros. O desemprego também está em patamar elevado, atingindo 14,4 milhões de pessoas. Além disso, o Brasil corre o risco de viver uma nova crise energética – o “apagão de Bolsonaro”.

Segundo o Datafolha, a reprovação ao governo oscilou para cima entre os que ganham até 2 salários mínimos (54% para 56%) – e entre os que recebem de 2 a 5 mínimos (47% para 51%). Se na média da população o avanço da reprovação a Bolsonaro foi de dois pontos percentuais, em alguns segmentos essa alta foi mais intensa.

“Foi o que aconteceu entre os mais velhos (de 45% para 51%), na parcela de menos escolarizados (de 49% para 55%), no grupo com renda familiar de 5 a 10 salários (de 41% para 50%) e no conjunto das regiões Norte e Centro-Oeste (de 41% para 48%)”, aponta a pesquisa. “Houve recuo, por outro lado, na reprovação entre os mais ricos, com renda superior a 10 salários (de 58% para 46%).”

Entre os evangélicos, a diferença entre a taxa de aprovação e reprovação, que estava negativa em seis pontos em julho (34% a 37%), saltou para 12 pontos em setembro (29% a 41%). A reprovação de Bolsonaro entre os evangélicos aumentou 11 pontos percentuais entre janeiro e setembro (de 30% para 41%). Os empresários se mantêm como único segmento em que Bolsonaro tem apoio (47%) superior à reprovação (34%).

Em sua live semanal na noite desta quinta-feira (16), Bolsonaro passou recibo: “Datafolha falou que eu tenho 53% de rejeição. Datafolha não é parâmetro para nada”, disse. O Datafolha ouviu 3.667 pessoas com mais de 16 anos dos dias 13 a 15 de setembro, em 190 municípios, de todas as regiões do País. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Impeachment

Uma segunda pesquisa, feita pelo PoderData também entre 13 a 15 de setembro, aponta que a maioria dos brasileiros segue favorável ao impeachment do presidente. O percentual dos que querem Bolsonaro fora do Planalto está acima de 50% desde o fim de maio e, hoje, é de 56%.

Entre os segmentos que mais apoiam o impeachment, destacam-se os que têm curso superior (73%) e os moradores da região Nordeste (65%). Metade dos que avaliam Bolsonaro como “regular” também apoiam seu impedimento. O PoderData entrevistou por telefone 2.500 pessoas, de em 441 municípios, de todos os estados. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Da Redação, com agências