Roberto Jefferson

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afastou – inicialmente por 180 dias – o deputado estadual Marcus Vinícius de Vasconcelos, conhecido como “Neskau”, da presidência nacional do PTB e aliado de Roberto Jefferson, presidente afastado.

O político atua no Rio de Janeiro e foi eleito presidente da sigla em 11 de fevereiro. Entretanto, de acordo com o magistrado, documentos enviados por deputados estaduais de Roraima, além de outros depoimentos, apontam que, por meio de Vasconcelos, o ex-deputado Roberto Jefferson é quem “preside informalmente” o partido.

Em novembro de 2021, o ministro afastou Roberto Jefferson da presidência da sigla por suspeita de utilização das contas oficiais do partido para incitar a violência contra o Supremo, atacar instituições e espalhar notícias falsas.

Além da suspensão do cargo, o magistrado determinou que a Polícia Federal colha o depoimento de Marcus Vinícius, Jefferson e outras pessoas ligadas ao PTB no prazo de 15 dias.

No despacho, Moraes afirma que, por meio de recados e bilhetes, o ex-deputado continua dando orientações e determinando os atos dos partidos.

“A extensa documentação juntada aos autos pelos diversos requerentes demonstra, de maneira robusta, a existência de uma rede de intimidação criada por Roberto Jefferson que, valendo-se de ameaças, tem o objetivo de assegurar o controle da agremiação política, às vésperas da eleição, em desrespeito à ordem emanada desta Suprema Corte”, aponta.

Moraes apresentou ainda uma mensagem que teria sido enviada no grupo de WhatsApp do partido por um homem identificado como Eduardo Macedo, reafirmando que a sigla está sob comando de Jefferson.

“Esse é o momento de união nacional e que possamos dar as mãos ao Roberto Jefferson e confiar plenamente em suas decisões e acatar aquilo que nos é apresentado, pois com certeza será o melhor para o PTB”, diz a mensagem.

Outra mensagem no mesmo sentido foi enviada no mesmo espaço. “No ponto, verifica-se a mensagem enviada no grupo de Presidentes do PTB, no aplicativo WhatsApp, em contato atribuído a Luiz Gustavo Pereira da Cunha transmitindo carta elaborada pelo investigado sobre as movimentações internas da agremiação política”, escreveu o ministro.

Roberto Jefferson foi preso preventivamente em 13 de agosto de 2021 por ordem de Moraes. O magistrado atendeu a um pedido da PF, que investiga uma organização criminosa que atuaria para desestabilizar a democracia e divulgar mentiras sobre ministros do Supremo.

O político foi denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) por ter impedido o livre exercício dos Poderes, incitando crimes contra a segurança nacional.

Desde 25 de janeiro, o ex-presidente do PTB está em prisão domiciliar. Por decisão do ministro, ele usa tornozeleira eletrônica e está proibido de fazer “qualquer comunicação exterior”. Também não pode receber visitas e dar entrevistas.

Marcus Vinicius, o “Neskau”, é próximo da família e já foi casado com Fabiana Jefferson, uma das filhas do político.