Como primeiro passo, acordo estabelece pauta e objetivos do diálogo em curso

“Nós aceitamos porque o que buscamos é que haja acordos e diálogos entre as partes”, explicou o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrado, ao falar sobre as negociações em andamento entre o governo venezuelano e a oposição que o México sedia.

As duas delegações do país em grave crise econômica e política assinaram, na última sexta-feira (13), no Museu de Antropologia da Cidade do México um memorando de entendimento que estabelece sete prioridades: “Direitos políticos para todos; garantias eleitorais para todos e calendário eleitoral para eleições observáveis; levantamento das sanções e restauração do direito aos bens; respeito pelo Estado Constitucional de Direito; convivência política e social, renúncia à volência e reparação às vítimas da violência; proteção da economia nacional e medidas de proteção social para o povo venezuelano; garantias de implementação, acompanhamento e verificação do acordado ”.

O processo será acompanhado por Rússia e Holanda, além de um grupo de países, a serem definidos, entre os quais, segundo fontes diversas, estão Alemanha, Turquia, Estados Unidos e Canadá.

“Estamos prontos e dispostos a ver os primeiros acordos que nos permitam trazer esperança”, disse Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional e chefe da delegação do Governo da Venezuela. “Já sabemos em que não concordamos e quão diferente vemos nossas vidas e imaginamos o futuro. O trabalho é onde encontramos pontos de confluência, onde encontramos acordos concretos”, assinalou.

Por sua vez, o chefe da delegação da oposição, sob o guarda-chuvas da Plataforma Unitária, Gerardo Blyde, sublinhou que “o processo será complexo, terá momentos muito difíceis, não tem sido fácil chegar a acordo sobre a agenda e o formato”.

“Em meio a narrativas diametralmente contrárias, começa um processo transcendente que deve nos obrigar a buscar acordos em todas as questões que vamos tratar”, frrisou.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, qualificou a primeira aproximação com a oposição de “exitosa” e conclamou a que os diálogos sirvam de ponte para criar negociações diretas com os Estados Unidos, país a quem tem pedido repetidamente que levante as sanções, tanto a seus funcionários como a suas estatais, as quais trazem sofrimento ao povo e não ajudam a resolver os problemas do país sem o concurso de intervenção externa.

Por sua parte, a oposição continua exigindo que o país tenha garantias para celebrar eleições “livres, transparentes e justas”, assim como opositores e seus simpatizantes sejam libertados imediatamente e permitida a entrada de ajuda humanitária, além de garantias democráticas, que alegam não existir.

Frente aos diálogos, o governo exige o levantamento das sanções impostas pelos Estados Unidos, assim como as impostas por outros países – entre as quais a União Europeia – e bloqueios que limitam a economia do país. Da mesma forma, reivindicam o reconhecimento das instituições do país, que asseguram serem “legítimas e constitucionais” e pedem o fim da “violência e da conspiração” contra o Executivo venezuelano.

Para Jorge Rodríguez, “se a chamada comunidade internacional, como eles (oposição) chamam a todos os países que encorajam tudo o que fazem, de verdade querem ajudar a que este processo avance, deixem de ameaçar e de pressionar o nosso país”.

O Legislativo, órgão atualmente dominado pelo partido no poder, também aprovou por unanimidade um acordo que apoiou o memorando de entendimento que os dois negociadores assinaram no México, que serão retomados entre 3 e 6 de setembro.

“Nos parece perfeito que o primeiro ponto fala de direitos políticos para todos, temos muitos direitos que reivindicar, o direito de respeitar a vida plena da República, a vida política. Não pode voltar a ocorrer de novo que aqui haja uma eleição e quem perde deixa de reconhecer o resultado”, disse Rodríguez.