Em agenda em São Paulo-SP, a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela d’Ávila, afirmou que o principal foco do campo progressista deve ser vencer as eleições para barrar o projeto neoliberal ultraconservador que destrói o Estado brasileiro, em entrevista à revista Carta Capital, na manhã desta sexta-feira (15).

“O governo Temer, fruto de um golpe, aprovou a reforma Trabalhista e a Emenda Constitucional 95, acabou com a TJLP, ele implementa um conjunto de destruição do Brasil”, explicou.

Diante deste cenário, Manuela enfatizou que perder as eleições presidenciais não é uma hipótese, porque é preciso barrar esse projeto neoliberal com urgência. “Sei que quanto mais força a gente reúne, mais condições temos de garantir esse objetivo”, frisou.

“Essa eleição não é um episódio factual da construção dos nossos partidos ou das nossas trajetórias individuais. Se alguém está tratando assim, não percebeu a gravidade do que é esse governo para o povo brasileiro”, ressaltou.

Ao ser questionada, Manuela d’Ávila reforçou que a sua candidatura não é óbice para a unidade da esquerda e para o setor desenvolvimentista.

“Se eu sou o obstáculo para que os outros três pré-candidatos, Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (Psol), se entendam. Então, eu não sou obstáculo. A unidade não vai ser produzida por discurso. Esse é o gesto máximo que posso fazer (…) Nós do PCdoB sabemos exatamente o meu local político, e a importância e relevância de uma pré-candidatura como a minha”, destacou.

PCdoB

Indagada sobre o projeto eleitoral do PCdoB, Manuela explicou que o partido nos últimos quinze anos tem se dedicado a firmar a necessidade do Brasil construir seu projeto nacional de desenvolvimento.

“Talvez somos o partido que há mais tempo afirma que há necessidade de termos um caminho próprio de desenvolvimento (…) Em 2003, eu ainda era do movimento estudantil, e o centro da nossa crítica ao ex-presidente Lula e o seu governo, era a política macroeconômica conduzida por Palocci. Nós sempre alertamos que essa política macroeconômica era antagônica a ideia de um caminho próprio de desenvolvimento que valorizasse a indústria nacional, que pudesse fazer com que os empregos de melhor remuneração fossem garantidos no nosso país a partir dessa indústria”.

Manuela enfatizou que o PCdoB de forma pioneira, foi o partido que conseguiu inserir as questões de gênero e raça, e como isso se estrutura na construção da desigualdade brasileira, dentro de uma visão de desenvolvimento nacional.

Aborto

Ao ser questionada sobre a aprovação da descriminalização do aborto na Argentina nesta última quarta-feira (14), Manuela d’Ávila afirmou que as mulheres argentinas deram muitas lições, sendo a principal, que a pressão popular nas ruas é um dos caminhos para conquistas muito significativas dentro dos parlamentos. “Acredito que esse é um dos mecanismos para um conjunto de reformas importantes no Brasil”.

“A Argentina é um país muito mais religioso e católico do que o Brasil. O que as argentinas fizeram foi uma longa jornada que a gente viu o resultado na noite fria do dia 13 para o 14. Mas, foi uma longa jornada. Foi a sétima vez que esse projeto foi apresentado na Câmara dos Deputados”.

“Esse processo é um dos caminhos para conquistas como a descriminalização do aborto no Brasil, mas ele é um caminho para um conjunto de transformações que o Brasil precisa viver e para nossa reflexão de como governar no próximo ciclo, de como fazer essas pessoas que podem se mobilizar, dialogar e convencer setores da sociedade”.

Manuela explicou que aborto é um assunto de saúde pública, e que as argentinas foram inteligentes ao transformar esse debate sobre um conjunto de políticas públicas.

“O que elas diziam? Educação para prevenir, contraceptivos para não engravidar e aborto legal para não manter uma gravidez indesejada”.

Governo Flávio Dino

Ao ser questionada sobre o governo do Flávio Dino (PCdoB) no Maranhão, Manuela respondeu que ele é a maior referência que existe no Brasil hoje.

“Nacionalmente o governo Temer aposta na Emenda Constitucional 95, que congela os gastos públicos por 20 anos. O Flávio Dino investe muito em construção de escolas, de equipamentos públicos importantes para a população. Ele pegou escolas de palha e transformou em escolas de tijolo. O que isso representa? Dignidade, mas também possibilidades da retomada da economia com empregos que são gerados a partir desse conjunto de investimentos”.

Segundo a pré-candidata do PCdoB, a postura de Flávio Dino em relação a remuneração dos trabalhadores em educação é muito diferente da maior parte dos estados. “Ao mesmo tempo que forma mão de obra, apostando na remuneração digna dos professores, cria um ambiente propício para investimentos privados. O Maranhão hoje é o segundo melhor estado para investir no Brasil”.

“Acho que tem um outro elemento que tem relação com a visão de estado. Que é a remuneração dos trabalhadores em dia. Eu vivo no Rio Grande do Sul, um estado que não paga os seus trabalhadores porque desconsidera a relevância do serviço público. Quem acha que professor, policial, auditores fiscais não são relevantes, abrem mão da ideia que o serviço público é importante”.

“Acredito na necessidade do estado para duas questões: Conduzir um projeto como Flávio Dino faz e prestar serviços públicos para a população. E isso tem um outro impacto, movimenta a economia”.

Manuela ressaltou a capacidade do Flávio Dino em unir pessoas para derrotar a oligarquia que fez com que o Maranhão tivesse o IDH mais baixo do Brasil. “Isso requer esforço. No nível atual da disputa política brasileira, acho que isso tenha que inspirar para que a gente tenha foco no que é o principal. Que é derrotar o neoliberalismo do Temer e desses setores que se aglutinam em torno dele”.

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