O governo Bolsonaro vendeu a totalidade da participação da Petrobras na Gaspetro (Petrobras Gás S.A.), onde detinha 51% das ações, para a Compass do Grupo Cosan que segundo o engenheiro Cláudio da Costa Oliveira, da Aepet, “pertence à multinacional anglo-holandesa Royal Dutch Shell, que, ao que tudo indica, logo estará ocupando todos os espaços que um dia foram da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, em território nacional”.

O valor de R$ 2,03 bilhões anunciado no negócio ainda pode sofrer “ajustes” previstos no contrato.

Os outros 49% da Gaspetro foram privatizados em 2015 e entregues aos japoneses da Mitsui.

A Gaspetro possui, atualmente, participação acionária em 19 empresas de distribuição de gás natural das 27 constituídas no país.

O Grupo Cosan controla a Comgás, maior distribuidora de gás do Brasil com mais de 19 mil quilômetros de rede instalada e 2,1 milhões de clientes e com presença em 94 municípios do estado de São Paulo.

Com a transação aprovada, a Cosan ficará com aproximadamente 80% do mercado de gás natural, estimam empresas do setor, como a Sobek, que teme a monopolização do mercado de gás pela Cosan. Mesmo que adquirisse somente as distribuidoras de gás do Nordeste, sua participação seria de cerca de 55%, e no Sul, a concentração chegaria a 54%.

Reprodução Gaspetro

Em nota, a direção da estatal disse que o fechamento da transação está sujeito à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O mesmo Cade que assinou com Roberto Castello Branco, então presidente da Petrobras, um Termo de Cessação de Conduta (TCC) com o compromisso de privatizar, além da Gaspetro, oito refinarias, o sistema de transporte de gás e sair de parte do Gasoduto da Bolívia. Castello Branco, ao invés de defender a Petrobras contra uma denúncia falsa dos importadores de combustíveis junto ao Cade, viu a possibilidade de realizar seu sonho de privatizar a estatal.

Gasodutos e refinarias

Além da Gaspetro, outros ativos estratégicos na área de gás foram privatizados e entregues para estrangeiros, como os gasodutos TAG (Transportadora Associada de Gás), para a franco belga Engie, e a NTS (Nova Transportadora do Sudeste), para a canadense Brookfield Asset Management.

A NTS atende o Sudeste do Brasil, região que concentra 55% da demanda brasileira pelo insumo, e está próxima de fontes de gás no Rio de Janeiro e em Santos, no litoral paulista, além de ter conexão com o gasoduto Bolívia-Brasil.

A multi Engie contratou a subsidiária da Petrobrás, a Transpetro, maior transportadora de combustível do País, “com experiência incomparável nesse mercado, para a prestação de suporte técnico necessário para a operação dos gasodutos e de toda infraestrutura da NTS. Fica garantida, dessa forma, a segurança e o bom funcionamento do negócio”, diz a empresa em seu site.

Já a Petrobras tem que pagar a estrangeiros pelo aluguel dos gasodutos que construiu, transportando ou não o gás que produz. E o governo passa a não ter qualquer

Bolsonaro pretende ainda se desfazer da metade do parque nacional de refino, como a recente venda da histórica e eficiente Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, para o fundo dos Emirados Árabes Mubadala Capital, o mesmo que teve seu CEO Oscar Fahlgren reunido, na segunda-feira (27), com o ministro da Economia, Paulo Guedes.