O reitor da UFJF (Universidade federal de Juiz de Fora) e presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), Marcus Vinicius David, afirmou em entrevista ao Uol que o orçamento de R$ 5,3 bilhões que as universidades terão para manter o funcionamento pleno em 2022 “é insuficiente” e que as universidades estão à beira de um colapso.

Marcus Vinicius cita que as 69 universidades federais, em todos os Estados, lidam com a redução de verbas no governo Bolsonaro, e que só conseguiram se manter porque nos dois últimos não aconteceram aulas presenciais.

O orçamento de 2020 foi de 5,5 bilhões, em 2021 caiu para R$ 4,5 bilhões. E o previsto para este ano, de R$ 5,3 bilhões, é menor do que os R$ 6,1 bilhões de 2019, antes da pandemia, quando as universidades funcionaram normalmente.

“É insuficiente”, diz ele, salientando que, em novembro, a Andifes fez uma projeção para os custos de 2022, e repassou ao Congresso Nacional indicando que seriam necessários R$ 6,9 bilhões de orçamento para cobrir os gastos com energia elétrica, água, manutenção de salas de aula, laboratórios, internet e segurança.

“Nós não vivemos um colapso porque esses dois últimos anos não operamos plenamente, as aulas estavam suspensas presencialmente”, diz. Segundo ele, “as universidades vão ter dificuldades. Para 2022, devemos ter um funcionamento pleno. Fevereiro será de muitos debates com as universidades”.

Ele argumenta ainda que, apesar de as universidades não terem sofrido cortes diretos este ano, elas foram afetadas indiretamente pelos cortes feitos por Bolsonaro no Orçamento 2022, sancionado na segunda-feira (24). O Ministério da Educação sofreu um corte de R$ 739,9 milhões e foi a segunda pasta mais afetada, ficando atrás apenas do Ministério do Trabalho.

“A Secretaria de Educação Superior do MEC teve uma perda de R$ 87 milhões, e ela utiliza esse dinheiro para aporte nas universidades. Tivemos o corte de R$ 100 milhões para os hospitais universitários. Outros R$ 73 milhões foram vetados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Isso impacta nos projetos de pesquisa”, afirma.

Para ele, “o ano será de grande batalha” para as universidades, que terão que lutar por verbas extras. “Nós tentamos sensibilizar o Congresso, mas o ganho que tivemos [em relação a 2021] foi muito pequeno. Vamos continuar essa luta para completar esse orçamento, mas sabemos da dificuldade, esse é um ano eleitoral”, disse.