Wang Wenbin, porta-voz da Chancelaria da China: “perseguição a Assange revela a hipocrisia de Washington”

A ordem de extradição de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, por um tribunal do Reino Unido para os Estados Unidos expõe a “natureza hipócrita” do governo de Washington, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, durante conferência de imprensa na última quinta-feira (21).

“Esta é a verdadeira face da ‘liberdade de expressão e de imprensa’ dos Estados Unidos. A extradição de Assange pode revelar a natureza hipócrita do governo dos EUA melhor do que as revelações do WikiLeaks”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin.

“Tudo que Assange passou desde que relatou os crimes de guerra cometidos pelos estadunidenses diz às pessoas que “aqueles que expõem as chamadas, ou supostas, atrocidades de outros países são heróis, enquanto aqueles que expõem os escândalos dos EUA são criminosos”, acrescentou Wang.

Um tribunal de Londres emitiu uma ordem formal na quarta-feira (20) que permite a extradição de Assange para os EUA, dependendo agora apenas da decisão do ministro do Interior ou do primeiro-ministro inglês. Se extraditado, o jornalista enfrentá um tribunal de inimigos jurados – Hillary Clinton chegou a sugerir numa reunião,“por que não jogamos um míssil em cima dele?”- e não era piada. Num país desse, Assange poderá pegar uma pena de até 175 anos de prisão com base em acusações forjadas de espionagem.

O jornalista australiano divulgou informações sobre crimes de guerra cometidos pelos EUA no Iraque e no Afeganistão, como os dois pilotos do helicóptero Apache flagrados metralhando civis em Bagdá, dois deles jornalistas da Reuters, no famoso vídeo vazado do Pentágono, o “Assassinato Colateral”.

A equipe jurídica de Assange argumentou que a decisão do Tribunal do Reino Unido foi equivalente a emitir uma “sentença de morte”, já que nos os EUA podem sujeitá-lo a confinamento solitário e tortura psicológica.

Segundo a esposa de Assange, Stella Moris, a saúde do marido se deteriorou significativamente desde que ele foi colocado há três anos na prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres. Para agravar as coisas, alertou Stella, ele sofreu um derrame em outubro de 2021.

Assange negou todas as acusações contra ele, enquanto seus defensores e apoiadores apontam que nem ele nem o WikiLeaks estavam sob jurisdição dos EUA quando os documentos foram publicados. Eles reiteram que Assange exercia o jornalismo investigativo, que é legal nos EUA, e que as acusações de que conspirava para hackear os sistemas de computador do Pentágono foram baseadas no testemunho desacreditado de um criminoso islandês condenado, que inclusive desmentiu posteriormente o testemunho.

A posição oficial do WikiLeaks sobre as acusações é que elas são politicamente motivadas e “representam um ataque sem precedentes à liberdade de imprensa e ao direito do público de saber buscando criminalizar a atividade jornalística básica”.