Atividades no porto ampliado de Haifa obra de empresa chinesa

Novo terminal que amplia as atividades do porto israelense de Haifa e que foi colocado em operação no dia 5 de agosto, é resultado de instalação e é operado por uma empresa chinesa, a Shanghai International Port Group.

A ampliação no porto mais movimentado em termos de carga do país, permitirá a atracação de navios de porte gigante a exemplo de embarcações de 400 metros de comprimento com capacidade de transporte de até 18.000 containers.

O contrato foi conquistado pela empresa chinesa em 2015 e, motivou uma ida do então secretário de Estado do governo de Trump, Mike Pompeo, a Israel para admoestar Netanyahu de que a entrega do maior porto israelense à administração chinesa feririam os interesses e a segurança cos Estados Unidos.

O que se vê, com esta inauguração, é que a advertência não adiantou muito e agora, com o novo governo, já sem Netanyahu, o porto fica operacional.

No início deste ano, o governo de Israel recusou o pedido de Washington de “inspecionar o porto”. O Pentágono fez novas críticas a Israel pela participação da China no projeto de US$ 1,7 bilhão (R$ 8,8 bilhões). É o que diz relatório da Lei de Autorização de Defesa Nacional para o Ano Fiscal de 2020 dos EUA. Segundo o informe, a presença chinesa prejudicaria os “interesses norte-americanos na futura presença avançada de navios da Marinha dos Estados Unidos no porto de Haifa”.

Washington então exortou “o governo de Israel a considerar as implicações de segurança do investimento estrangeiro chinês”.

Segundo Seshadri Vasan, ex-oficial da Marinha indiana e diretor do Centro de Estudos da China de Chennai (C3S, na sigla em inlgês), ouvido pela Sputnik, o projeto não só criou tensões na relação entre norte-americanos e judeus, mas também demonstrou que o governo de Israel pode estar começando a formar uma nova política externa.

“Para Israel, este projeto não só criará ressentimento com os EUA, mas também levantará questões sobre a forma mais ampla que sua política externa está tomando. Alguns relatos na mídia israelense indicam que os termos exatos do acordo não foram claros até agora. Embora Israel queira que Washington acredite que este é um contrato comercial, a realidade é que as dimensões são estratégicas e militares também”, disse.

Vasan também destacou que o porto pode desempenhar um papel importante para o desenvolvimento da nova Rota da Seda chinesa. “O porto de Haifa pode desempenhar um papel crucial nos próximos anos para estender as ambições chinesas ao Oriente Médio relativos à nova Rota da Seda. A China está investindo não apenas em Israel, mas em outras nações da região em grande escala, assim como a vizinha região mediterrânea”, elucidou o ex-oficial.

A ministra dos Transportes israelense, Merav Michaeli – trabalhista que faz parte do novo governo de coalizão formado pela frente ampla que afastou Netanyahu – destacou que o terminal é uma oportunidade para “fortalecer nossas capacidades regionais no comércio marítimo” e alavancá-las “não apenas para a prosperidade local, mas para a realização de oportunidades e uma contribuição genuína para nossos vizinhos no Oriente Médio”.

Este ano, Israel inaugurará outro porto financiado pela China na costa do Mediterrâneo, que está sendo construído com um investimento aproximado de US$ 930 milhões (R$ 4,8 bilhões).

“Devemos observar que Israel já exporta equipamentos de defesa para a China e tem fortalecido seus laços”, concluiu Vasan.