Legenda: No 48º aniversário do golpe de 11 de setembro chilenos repudiam a ditadura e seus crimes

Depois de marchar pelas ruas centrais da capital chilena, milhares de manifestantes depositaram oferendas de flores na porta da sede do Governo, lugar para onde o corpo de Allende foi levado após o ataque golpista de 11 de setembro de 1973, encabeçado pelo ditador Augusto Pinochet.

“Sem dúvida a lembrança desses 48 anos do golpe criminoso contra Salvador Allende, que truncou um processo democrático de profundas transformações no país, se dá em um espaço político mais uma vez conquistado pelo movimento popular que tomou as ruas a partir de 18 de outubro de 2019, e que nos permite hoje redigir um pacto social decente”, disse Carmen Hertz, deputada do Partido Comunista, referindo-se à Convenção Constitucional, inaugurada oficialmente em julho passado, em que se debate uma nova Carta Fundamental que deixará para trás a que o país herdou da ditadura.

No cumprimento de todas as medidas sanitárias, estiveram presentes no evento os dirigentes e militantes da Convergência Social (CS), do Partido Comunista (PC), do Partido Socialista (PS), do Partido para a Democracia (PPD) e do Partido Comunes, além de cidadãos independentes que entoaram consignas, músicas, e destacaram o atual processo que vive o país retomando as atividades pós-pandemia.

A prefeita de Santiago, Irací Hassler, do PC, também participou da marcha, à qual se juntaram os deputados Karol Cariola e Guillermo Teillier, a prefeita de Lo Espejo, Javiera Reyes; e os constituintes Marcos Barraza e Bárbara Sepúlveda, entre outros.

“Hoje não queremos apenas fazer um ato de memória, mas de lutar, e nunca mais descansar, para que as avenidas estejam sempre abertas, para que todas as pessoas sejam livres, para que a educação e a saúde sejam um direito de todos”, disse Karina Oliva, do Partido Comunes.

Durante a marcha, quando os manifestantes chegaram ao Palácio de La Moneda, foi reproduzido o último discurso de Allende, pronunciado momentos antes de ser assassinado em 11 de setembro, e cuja última frase está na memória de todo o país: “Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e em seu destino. Superarão outros homens este momento cinzento e amargo em que a traição pretende impor-se. Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor”.

Ao mesmo tempo em que se desenvolviam as homenagens em frente ao La Moneda, outra grande manifestação se reuniu no centro de Santiago para ir, como todos os anos, ao Cemitério Geral para prestar sua homenagem às vítimas da ditadura no túmulo de Allende.

O golpe contra a democracia no Chile, financiado e orquestrado com o apoio da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, abriu caminho para a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), uma das mais longas e sanguinárias do continente, que chacinou mais de 40 mil chilenos.