A Amazônia brasileira vê um salto de 64% no desmatamento nos primeiros três meses de 2022 em comparação com o ano anterior.

O Brasil estabeleceu um novo recorde sombrio de desmatamento na Amazônia durante os primeiros três meses de 2022 em comparação com o ano anterior, mostram dados do governo, estimulando preocupação e alertas de ambientalistas.

De janeiro a março, o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 64% em relação ao ano anterior, para 941 quilômetros quadrados (363 milhas quadradas), mostraram dados da agência nacional de pesquisa espacial Inpe.

Essa área, maior do que a cidade de Nova York, é a maior cobertura florestal perdida no período desde o início da série de dados em 2015.

A destruição da maior floresta tropical do mundo aumentou desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019 e enfraqueceu as proteções ambientais, argumentando que elas impedem o desenvolvimento econômico que poderia reduzir a pobreza na região amazônica.

Os novos dados são especialmente preocupantes porque a Amazônia está no meio de sua estação chuvosa – uma época em que os madeireiros normalmente não cortam árvores e os agricultores não as queimam para limpar a terra. Assim, a atividade de desmatamento deveria ser menor nesse período, pois esses números eram esperados para o meio do ano.

Os números são divulgados enquanto representantes de 100 tribos indígenas estiveram em Brasília, para exigir mais proteção para suas terras e denunciar propostas de leis que permitiriam ao governo explorar ainda mais a floresta tropical. O governo não comenta os projetos que tenta aprovar antes da eleição, nem os dados divulgados.

Esses dados mostraram que o desmatamento diminuiu 15% no mês de março, mas seguiu dois meses de recordes. O Brasil abriga cerca de 60% da floresta amazônica.

A destruição é impulsionada principalmente pela agricultura, pecuária, mineração e especulação de terras no Brasil, uma potência agrícola e maior exportador mundial de carne bovina e soja.

Povos indígenas marcham durante um protesto contra o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro
Povos indígenas marcham durante protesto contra o presidente Jair Bolsonaro e pela demarcação de terras em Brasília, 6 de abril de 2022

Mesmo nas áreas distantes da fronteira agrícola, se observa a floresta secando e ficando mais propensa a incêndios, podendo estar num momento de irreversibilidade do impacto sobre a floresta.

Um relatório do painel climático das Nações Unidas na segunda-feira alertou que os governos não estão fazendo o suficiente para conter as emissões de gases de efeito estufa para evitar os piores efeitos do aquecimento global.

Por Cezar Xavier