Manifestação em Londres pela paz e contra o expansionismo da Otan

Milhares de pessoas saíram às ruas de Londres diversas cidades do Reino Unido no sábado (2) em protesto contra a explosão das tarifas de energia, ocasionadas após o governo se dobrar à política de sanções à compra de petróleo e gás da Rússia adotada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

“O que existe é muita propaganda distorcida. A linha predominante é que Putin é o único agressor e que a expansão da Otan e mais intervenção militar deve ser apoiada”, denunciou ao portal Socialist Worker, o manifestante Alex.

Júlia, outra manifestante entrevistada pelo portal acrescentou que fez sua rota de massacres através do planeta, do Iêmen à Líbia. Não vai trazer a paz, apenas morte”.

No protesto, realizado na londrina Trafalgar Square, falaram o ex-líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, o dirigente do Sindicato de Professores (NEU), Alex Kenny e ainda Kate Hudson da Campanha pelo Desarmamento Nuclear e o escritor Tariq Ali.

Lindsey German, que falou pela organização Stop the War Coalition, disse à multidão que “a Guerra não começou agora, Ela é produto das invasões do passado. As conversações de paz precisam avançar. Parem a Guerra! Devemos proclamar: Oposição total à intervenção da Otan!”

Muitos cartazes, ao tempo que repudiavam a expansão da Otan, exigiam também a retirada das forças russas da Ucrânia.

Sob aplausos, Jeremy Corbyn, que condenou o tarifaço que havia reajustado no dia anterior o preço das contas de gás e energia elétrica, que subiram em média para 1.971 libras (R$ 11.873,00) por ano. As avaliações é de que um salto adicional em outubro pode elevar o custo para até 2.600 libras (R$ 15.672,00) anuais.

“Estou conhecendo pessoas que estão apavoradas com a próxima conta, então o mínimo que precisamos é de colocar um teto no preço da energia”, defendeu Corbyn, frisando que de um lado estão “os lucros das empresas de energia e do outro as dificuldades das pessoas”.

Várias organizações sindicais e ativistas expressaram seu repúdio a uma política que ao mesmo tempo em que promove a corrida armamentista e a guerra provoca aumento da inflação e arrocha os salários. Este último aumento de tarifas, alertaram as entidades, pode levar as pessoas a “escolhas impossíveis” entre aquecer suas casas ou comer.

“A indignação pública com a crise do custo de vida está crescendo rapidamente e nossa resposta está ganhando força”, declarou um porta-voz da Assembleia Popular Contra o Arrocho

Os ministros do Reino Unido anunciaram um desconto no imposto municipal para abril e um empréstimo de 200 libras disponível a partir de outubro para ajudar a aliviar a carga, mas o Partido Trabalhista disse que deveria haver um imposto sobre as empresas de petróleo e gás para ajudar no fornecimento de apoio aos necessitados.

Já o secretário da Irlanda do Norte, Brandon Lewis, conciliou com o arrocho e sustentou em entrevista à Sky News que o governo “não pode anular completamente os impactos dos mercados globais e da pressão global, por exemplo, sobre energia, que obviamente é o foco principal no momento para a maioria das pessoas”.

A declaração foi amplamente repudiada, uma vez que na França o governo limitou o aumento da conta de energia a 4% este ano.