Por Ítalo C. Kircove*

 

“Governo Bolsonaro mais que dobra número de militares em cargos civis, aponta TCU”

Levantamento identificou 6.157 militares da ativa e da reserva em cargos civis no governo. Ministério da Defesa considera somente os da ativa e diz que são 3.029.

Por Laís Lis, G1 — Brasília – 17/07/2020 17h59”

 

O “serviço” bem feito da mídia a partir do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, aliada aos integrantes da operação Lava Jato, de Curitiba, liderados por Sérgio Moro, inviabilizaram a candidatura de Lula (chega de benesses sociais, o “mercado” precisa de mais por muito menos) e fortaleceram a candidatura do “capitão” jair bolsonaro (permitam-me não o nominar com letras maiúsculas). O representante da extrema-direita é um político de biografia inexpressiva, retrógrado, preconceituoso ao extremo, dono de um discurso que, de tão raso, sequer possibilitava avaliação do que pretendia como projeto (se é que tinha algum)  para o país.

Muitos analistas ainda discutem essa ocorrência (permitam-me também recusar chamar isso de fenômeno) e nessas discussões listam conservadores, o agronegócio, a indústria de armas, parcela da população evangélica guiada por seus principais pastores e os militares.

Com a vitória do inexpressivo deputado estamos vendo um partido militar ou militares bolsonaristas?  Os militares no poder num governo civil são coadjuvantes ou protagonistas?

Não percebemos após a ditadura o silêncio dos militares. Sua politização por membros da ativa e da reserva e a militarização da política mais evidente neste momento e neste governo com cargos ocupados do primeiro ao último escalão, evidencia-se, na minha opinião um partido político unido. Um partido íntimo do poder, com oficiais formados pós década de 70, mas com a disciplina e o conservadorismo adquirido na academia via oficialato parceiro do regime ditatorial. Sua pretensão política, claro, é a hegemonia e seu início de atividade passamos a perceber a partir do personagem jair Bolsonaro, cujo quociente intelectual o coloca como inexpressivo útil inserido no projeto de partido militar muito bem articulado e planejado dentro da academia com execução a partir dos movimentos que levaram ao impeachment de Dilma Rousseff.

Com astúcia, ergueram da mediocridade o inexpressivo deputado e colocaram o General Mourão ao seu lado estrategicamente para ter ponto e contraponto. O conservador, e suas bravatas ao lado de alguém ponderado e equilibrado. Trata-se de uma estratégia impecável para conseguir com sucesso o poder. Resta aos partidos políticos, em especial ao PCdoB, saber conduzir e, se for o caso, associar-se aos que pretendem conduzir o país de volta à verdadeira democracia e ao respeito à cada uma de nossas instituições.

A sociedade, que, com seu cochilo pós ditadura não percebeu a politização e consequente formação do partido militar, precisa de nossa união e força para a árdua tarefa de conduzir os integrantes do partido militar atuando no governo ao seu lugar institucional.

 

*Especialista em Gestão Pública. Militante do PCdoB do Rio de Janeiro-RJ. Base Fiocruz .