Mais quadros intermediários. Maior capilaridade no trabalho partidário
Publicado originalmente em 10/04/2007
Walter Sorrentino*
Em todo o Partido está em curso o debate das Resoluções do Comitê Central. Na verdade, do ponto de vista da organização, esse debate vem sendo construído desde dezembro. Uma questão chama a atenção, referente ao diagnóstico da necessidade de formar mais quadros intermediários como resposta premente, hoje, para impulsionar a estruturação orgânica do Partido.
Os debates mostram concordância com esse diagnóstico, mas não talvez com a centralidade e conseqüências que a questão assume. Em certos casos, diz-se que essa é uma velha verdade, sempre esteve presente nas formulações partidárias. É certo, trata-se de uma assertiva central na noção de partido leninista.
Mas isso pode levar a perder a singularidade da formulação presente. Porque ela está posta para um Partido mais extenso em militância e filiados, o que não esteve posto no passado. A escala faz muita diferença.
O aspecto que me parece central nesse debate, na linha do cumprimento de uma tática mais afirmativa e audaciosa do Partido, é a premência de conferir maior capilaridade ao trabalho partidário. Essa é a base para maior aderência do trabalho à luta social, força eleitoral e comunicação com camadas amplas do povo.
Como conferir essa maior capilaridade? Em primeiro lugar, com uma tática eleitoral mais audaciosa. Porque assim se pode atrair novas lideranças e lutadores, que significarão laços com novas camadas do povo, adquirir forças extras ao trabalho que já se realiza. Em segundo lugar, apoiando mais e organizando o trabalho do partido pela base. Daí a centralidade de maior número de quadros intermediários, para uma ligação mais efetiva entre a orientação partidária e a militância de base.
Trata-se então de outro modo de operar o trabalho do Partido, que deve ser perseguido progressivamente. Quadros intermediários em maior número e mais preparados, são o elo primeiro desse esforço. Outros elos têm a ver com o esforço de descer mais o trabalho de direção geral que se realiza para o “meio” do Partido, dispor dos quadros de novos modos, a fim de reforçar as instâncias intermediárias. Já se disse que isso é particularmente necessário nas capitais, porquanto aí reside o principal impulso da tática política e eleitoral. O mesmo pode ser dito dos comitês municipais, que precisam ser capazes de definir e lutar pelo espaço político próprio para o Partido.
Por último, essas medidas precisam ser complementadas pelo esforço de fazer com que todos os quadros partidários, onde quer que atuem, se ocupem efetivamente da construção partidária. Sabemos que essa construção se dá nos planos político, ideológico e organizativo e não isenta, portanto, ninguém de dedicar energias e exemplos nesse sentido, em sentido lato.
É preciso compreender isso: estamos em novo nível de disputa política de projetos no país e na esquerda. Sem maior musculatura eleitoral e militante restringe-se o espaço político próprio do Partido. Daí a noção da centralidade de mais quadros intermediários para impulsionar a estruturação partidária.
*Walter Sorrentino, médico, é secretário nacional de organização.
10/04/2007