Zelensky e dois neonazis que trouxe ao parlamento grego

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, colocou dois membros do Batalhão Azov, agrupamento nazista que faz parte das Forças Armadas do país, para discursar ao Parlamento da Grécia, na quinta-feira (7).

Partidos da oposição rechaçaram a presença dos nazistas no Parlamento, chamando o caso de “vergonha histórica”. Governo admite que foi “incorreto e inapropriado”.

Volodymyr Zelensky interrompeu seu discurso aos gregos e anunciou que dois militares iriam falar. “Estes são dois ucranianos de origem grega, um deles está usando uma máscara, ele não pode mostrar o rosto, espero que você entenda”, disse.

Os dois membros do Batalhão Azov pediram assistência da Grécia na guerra contra a Rússia. O primeiro se identificou como Mikhail, disse ter ascendência grega e reconheceu que faz parte do grupo nazista.

“Eu não vou falar das dificuldades que nós temos na defesa, participando da defesa ucraniana através do Batalhão Azov”, disse. O nazista Mikhail pediu à Grécia que ajude mais a Ucrânia na guerra contra a Rússia.

O Batalhão Azov ficou conhecido por perseguir e assassinar a população russófona das regiões de Donetsk, onde fica Mariupol, e Lugansk. Seu brasão é uma cópia do símbolo da 2ª Divisão Panzer Das Reich, organização militar da Alemanha nazista. Mikhail falou que defende Mariupol dos “nazistas russos”.

Em 2014, o Batalhão Azov foi incorporado pelas Forças Armadas da Ucrânia e passou a receber oficialmente financiamento, armas e treinamento do Estado ucraniano.

O segundo membro do Batalhão Azov se identificou apenas como Anastasios e disse que está em Odessa.

Gregos repudiam presença de nazistas no seu parlamento

O porta-voz do governo grego, Giannis Oikonomou disse que a inclusão, por parte de Zelensky, de dois nazistas no discurso foi “incorreta e inapropriada”.

O acinte foi ainda maior, quando o discursos dos nazistas ucranianos se deu um dia depois do aniversário da invasão da Grécia pelas hordas alemãs de Hitler no dia 6 de abril de 1941.

O líder da aliança SYRIZA, que reúne partidos de centro-esquerda, Alexis Tsipras criticou que o Parlamento tenha permitido com que dois neonazistas discursassem.

“Nós nos solidarizamos com o povo ucraniano. Mas os nazistas não podem ter permissão para falar no parlamento”, falou.

Tsipras disse que o “discurso foi uma provocação” e uma “vergonha histórica”.

O ex-ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, afirmou que Zelensky abusou “do convite do parlamento grego ao partilhar a sua plataforma com membros do Batalhão neonazi Azov”.

Zelensky defendeu nazis no exército

Em uma entrevista à Fox News, há uma semana, Volodymyr Zelensky foi questionado sobre as características e a atuação dos grupos nazistas na Ucrânia e respondeu: “eles são o que eles são”.

“Azov era um dos muitos batalhões nacionais. Bem, eles são o que são… Eles estavam defendendo o nosso país”, continuou.

“Todos os componentes desses batalhões voluntários mais tarde foram incorporados às forças armadas ucranianas. Os lutadores do Azov não são mais um grupo autônomo, mas parte do exército ucraniano”.

O trecho da pergunta foi cortado pela Fox News nas publicações feitas na internet. Tanto em seu site quanto em suas redes sociais, é impossível encontrar a resposta de Zelensky admitindo que grupos organizados de nazistas compõem seu exército. O material só pôde ser recuperado porque um internauta publicou a gravação.

O Batalhão Azov não é a única organização nazista e armada na Ucrânia, como bem disse Zelensky na entrevista, pois existem diversas, a exemplo do Batalhão Aidar, braço armado do partido Praviy Sector (Setor Direita).

A Reuters, avalia que esses grupos chegam a representar 40% das Forças Armadas da Ucrânia, tendo cerca de 102 mil militares a eles integrados.