Canais do portal RT em alemão contam com mais de 600 mil inscritos

A decisão do YouTube de proibir a veiculação de dois canais em alemão do portal Russia Today (RT) com mais de 600 mil inscritos foi denunciada por sua direção como tentativa de retomada dos métodos utilizados por Washington durante a Guerra Fria.

Embora a proibição tenha sido emitida por uma empresa privada sediada nos Estados Unidos – que alegou supostas “violações de diretrizes” -, a RT a vê como parte de uma agressão mais ampla de sufocar a mídia russa sob o pretexto de combater a desinformação. Lídres alemães afirmam que não teve nada a ver com a censura.

A YouTube é condenada por “uma declaração completa de guerra da mídia contra a Rússia pela Alemanha”, de acordo com a editora-chefe da RT, Margarita Simonyan.

O regulador de mídia russo, Roskomnadzor, disse que YouTube pode sofrer uma possível proibição no país por discriminar um meio de comunicação russo. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia também declarou que reagirá “de maneira apropriada”.

Willy Wimmer, que atuou como legislador da CDU (União democrata cristã) de Angela Merkel no Bundestag por mais de três décadas e ocupou o cargo de vice-presidente da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), expressou sua reação negativa à medida, dizendo que ela atenta contra a paz mundial.

Para Wimmer, esta é uma “maneira astuta” de colocar a Alemanha contra a Rússia, opinou. “Isso aconteceu duas vezes no século passado e gerou uma grande tragédia, e não apenas para as relações entre nossos povos”, alertou.

“Se o RT é tão popular na Alemanha, então, de acordo com os princípios do mercado, ele fala a favor do RT. O canal oferece jornalismo de alta qualidade, não interpreta mal as palavras das pessoas, mostra conexões importantes e representa uma ampla gama de opiniões”, frisou Wimmer. Esta conduta, acrescentou, “me lembra os piores tempos da história alemã. O que esses tempos trouxeram para outras pessoas, eu nem quero falar”.

Anteriormente, a RT já havia sido pressionada por bancos alemães, que se recusaram a fazer o serviço ou apresentaram taxas de cobranças excessivamente altas. O canal russo também havia sido acusado de espalhar desinformação pela mídia local, o que o levou a se defender com sucesso no processo por difamação no tribunal.