A repercussão internacional do 15º Congresso do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – realizado de 15 a 17 deste mês – refletiu a preocupação do mundo, principalmente das forças progressistas e democráticas, com o Brasil governado por um presidente de extrema-direita. Como ameaça para todo o mundo, sobretudo, para a América Latina. Também confirmou que a trajetória do PCdoB é respeitada por partidos irmãos e dezenas de organizações políticas e sociais da esquerda mundial. Essa é a avaliação do vice-presidente do PCdoB, Walter Sorrentino, secretário de Relações Internacionais do partido, ao conceder entrevista ao Portal PCdoB.

“O partido granjeou muito respeito por sua atitude também de solidariedade internacionalista, cultivamos bastante todas essas relações. É muito gratificante receber praticamente cem mensagens, sobretudo, de parceiros, partidos irmãos como da China, do Vietnã, de Cuba, mas também de toda a América Latina, da Ásia, da América do Norte, da África. Isso mostra que a solidariedade internacionalista é recíproca, beneficia a quem a presta e beneficia também quem a recebe. Nosso partido é formado neste princípio do internacionalismo proletário e da solidariedade internacionalista”, completou Walter.

O vice-presidente salientou ainda que o PCdoB recebeu inúmeras mensagens também que retratavam o início das comemorações dos 100 anos do partido mais longevo do Brasil. Somos filhos do movimento nascido com Lênin, com a revolução soviética, filhos da internacional comunista e soubemos nos adaptar aos tempos, cumprindo os mesmos papéis por outros meios, por outras formas, mas sempre com esse princípio sólido do internacionalismo proletário”, afiançou.

Luta contra Bolsonaro

O PCdoB tem sido protagonista na luta contra o governo Bolsonaro. Dessa forma, tem sido preocupação permanente do partido denunciar nacional e internacionalmente o governo de Jair Bolsonaro e as consequências para o Brasil, afirmou Walter. “Os boletins que a gente elabora e que expressam a nossa linha, a nossa luta, são enviados religiosamente para todas as mais de 150 organizações políticas com as quais a gente mantém relações permanentes. Da mesma forma em todas as atividades internacionais que o PCdoB participa, seja na Europa e seja na América Latina, principalmente o Foro São Paulo”, disse.

O dirigente ressaltou ainda que “em todas as articulações, o PCdoB, por sua coerência, por seu papel e por ser do Brasil, é chamado a intervir e explicitar o nível da luta que se trava hoje no país contra Bolsonaro”. Ele observou que há um grande interesse, até da imprensa liberal, que também refletem essa preocupação o nível de perigo que Bolsonaro representa. “Os grandes jornalões do mundo, dos EUA, da Inglaterra também refletem essa preocupação“, observou.

Segundo ele, o PCdoB tem abastecido os parceiros pelo mundo com informações, esclarecendo em que ponto se encontra a luta no Brasil e a ameaça que significa o Bolsonaro para o mundo, para a democracia e especialmente para a América Latina.

“Se o Brasil tem hoje um presidente que é o maior bastião mundial da extrema-direita é evidente que isso prejudica a correlação de forças necessária para os grandes empreendimentos que a gente precisa ter na América Latina pelo desenvolvimento soberano, pela democracia, por liberdades e, sobretudo, para atender aos interesses do povo”, argumentou.

Onda progressista na América Latina

Walter lembrou que já tivemos uma onda de governos progressistas no continente e essa onda foi alvo de uma contraofensiva muito poderosa do imperialismo. “Foi uma contraofensiva muito poderosa do imperialismo, sobretudo, do norte-americano no sentido de manter sua hegemonia, de impedir o desenvolvimento soberano dos países e de articular eixos políticos de direita no continente, como foi o grupo de Lima e outras articulações que chegaram a unir, mais recentemente, Bolsonaro com Ivan Duque, da Colômbia, que é o país mais dependente dos EUA”, exemplificou.

Mas ao mesmo tempo, essa contraofensiva não ficou sem resposta das forças progressistas, que reagiram com “o vigor de sempre”, disse Walter. “E é muito interessante porque nós já tínhamos conquistado a vitória na Argentina com Alberto Fernandes, depois Luis Arce, na Bolívia. O Chile teve um estalido social e conquistou uma constituinte importantíssima”, enumerou.

O dirigente também lembrou de reveses como a derrota da Frente Ampla do Uruguai. “Mas ganhamos no Peru recentemente e conseguimos manter ativo o sistema na Venezuela, em Cuba. A Venezuela abre hoje negociações com a oposição. Maduro está consolidado no poder”, analisou.

Em novembro acontecem eleições em vários países da América Latina como na Nicarágua, Chile, Venezuela e Honduras. A Argentina também realiza eleições, mas não presidenciais. “E nós estamos em uma expectativa muito positiva no sentido de que vamos demonstrar que a onda progressista está viva. Ela está mobilizada e a luta continua. Um otimismo cauteloso, vamos dizer assim, mas a luta do continente é muito importante”, afirmou Walter.

A vitória de López Obrador (Movimento Regeneração Nacional), no México, foi de grande importância para a correlação de forças na região, classificou o vice-presidente do PCdoB. “Obrador reativou a Comunidade de Estados latino-americanos e caribenhos (Celac) e tem feito um bom governo de modo que se, nós no Brasil ganharmos a eleição em 2022 e tivermos esses governos associados, sobretudo, a Argentina, México e Brasil, nós criaremos de fato uma nova realidade de forças mais favorável aqui no continente, por isso, um otimismo cauteloso, mas com muita luta, muita firmeza e muita compenetração que estamos no rumo certo”.

Por Railídia Carvalho