O vice de saída Mike Pence chamou a imunização de “dia inspirador” e a vacina, de “milagre médico”

O vice-presidente de Trump, Mike Pence, foi vacinado contra a Covid-19 com a vacina Pfizer-BioNTech na sexta-feira (18) na capital dos Estados Unidos, Washington, em ato mostrado ao vivo na televisão.

Na próxima segunda-feira (21), está anunciada a vacinação do presidente eleito, Joe Biden, e sua vice, Kamala Harris.

Também se vacinaram nesta sexta-feira a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, e o cirurgião-geral do governo Trump, Jerome Adams.

Não há nenhum indício quando – ou se – Trump irá se vacinar. Pence, que encabeçava a força-tarefa da Casa Branca contra o coronavírus, chamou a imunização de “dia inspirador” e a vacina, de “milagre médico”. A esposa do vice, Karen, também se vacinou.

A pandemia está descontrolada nos EUA, com mais 216 mil contágios e 3 mil mortes por dia – o que equivale a um ’11 de Setembro’ a cada 24 horas.

Com 4% da população do mundo, os EUA têm quase 25% do total global de infectados e mortos da Covid-19, mostrando o completo fracasso diante do coronavírus, ao contrário de países como China, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Vietnã.

“Karen e eu ficamos mais do que felizes em tomar as providências e tomar esta vacina segura e eficaz”, Pence disse a repórteres. Ele aproveitou para fazer um comercial da Operação Warp Speed, de pesquisa e produção de uma vacina, cuja liderança atribuiu ao chefe, como sempre muito ocupado no Twitter.

Pence também agradeceu aos dois principais cientistas da força-tarefa, o Dr. Anthony Fauci e a Dra. Deborah Birx, além do Secretário de Saúde, Alex Azar, que passará à história como o Secretário de Saúde dos 310 mil mortos da Covid.

“Continue a fazer a sua parte, coloque a sua saúde e a dos seus vizinhos em primeiro lugar”, acrescentou Pence, chamando a vacina de “luz no fim do túnel”.

O cirurgião-central Adams, que é negro, após classificar de “maratona” o combate à pandemia, disse que a prioridade de sua equipe era trabalhar para melhorar a confiança na vacina. Ela não funcionará, enfatizou, caso “permaneça no frasco”.

“Temos que envolver vozes de confiança, líderes religiosos, líderes tribais”, disse ele. “Quando esses guardiões estiverem informados e confiantes, suas comunidades estarão confiantes”.

O Dr. Fauci – cuja continuidade no governo do presidente eleito Biden já foi confirmada – disse que a vacina foi o resultado da “união de uma tecnologia extraordinária e da comunidade médica, que nos permitiu fazer algo realmente sem precedentes.” Para ele, a velocidade de obtenção da vacina “foi resultado de avanços científicos extraordinários e não comprometeu a segurança”.

A autoridade sanitária dos EUA, FDA, acaba de liberar para uso emergencial a segunda vacina desenvolvida no país, a da Moderna, que exige uma temperatura de -20 graus Celsius, mais manejável que os -70 graus Celsius necessários à Pfizer.

Moderna e Pfizer-BioNTech são chamadas de vacinas mRNA, uma inovadora tecnologia, que usa um pedaço de código genético que treina o sistema imune para reconhecer a proteína do espigão na superfície do vírus, pronta para atacar em caso que o contágio ocorra.

Em outra frente, vieram a público esta semana, através do portal Politico, e-mails que revelam que, enquanto a força-tarefa tentava fazer alguma coisa contra a pandemia, um pau-mandado de Trump no Departamento de Saúde orientava a “contaminar todos” – crianças, jovens, adultos sem doenças pré-existentes, para desencadear a “imunidade de rebanho”. O escândalo ainda vai render muito.