Deputados e senadores estão confiantes na derrubada dos vetos de Bolsonaro na sessão do Congresso Nacional desta terça-feira (8). Entre eles estão os feitos à política de saúde menstrual, à quebra de patentes de vacinas e à garantia de direitos de servidores da Eletrobras em caso de privatização.

Um dos mais criticados é o que prevê a distribuição de absorventes higiênicos para estudantes dos ensinos fundamental e médio, mulheres em situação de vulnerabilidade e presidiárias. O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD-AM), que também é vice do Congresso, prevê a derrubada deste e de outros vetos.

“Vetos dos projetos da dignidade menstrual, programa partidário, prazo dos concursos devem cair. Haverá disputa em vetos como os relacionados ao programa de apoio ao setor de eventos e medicamentos orais para o combate ao câncer”, prevê o vice-presidente da Câmara”, disse ele ao Congresso em Foco.

Vice-líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva (SP), também está confiante na derrubada. “ATENÇÃO! Hoje, o Congresso Nacional analisará vetos de Bolsonaro, entre eles o desumano que impediu a distribuição de absorventes para mulheres pobres. Reafirmo nosso compromisso com a luta das mulheres por dignidade menstrual. Pela derrubada do veto já!”, escreveu no Twitter.

“Governo vetou dignidade menstrual, quebra de patentes, ações emergenciais para setor eventos e pena para disseminação de fakenews. Na luta pela derrubada dos vetos!”, reagiu a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder da Minoria. “É hoje o dia de fazermos pressão e mudar a vida de milhões de brasileiras! #LivresParaMenstruar”, disse a deputada Tabata Amaral (PSB-SP).

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que a bancada de seu partido estará atenta, sobretudo na votação do veto do projeto da Dignidade Menstrual. “No Brasil, uma a cada quatro meninas já faltaram à escola por não ter absorventes. Situação que poderia ser diferente desde outubro”, afirmou.

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE) é preciso se movimentar. “Precisamos estar mobilizados para derrubar os vetos de Bolsonaro à Lei que relatamos do Estado Democrático de Direito. Esses vetos incentivam fake news e o ataque às instituições e agridem a livre manifestação. Precisamos colocar limites nos arroubos autoritários de Bolsonaro”, observou.

Confira alguns vetos que serão analisados nesta terça:

Veto 33/2021: Inclusão do lúpus e da epilepsia na lista de doenças com benefícios da Previdência Social

De autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), o PL 7797, aprovado de maneira quase unânime pelas duas Casas, dispensou as pessoas com lúpus e epilepsia da carência para recebimento do auxílio doença e aposentadoria por invalidez. Tratava-se de uma luta de mais de 10 anos, que vencida no Congresso, acabou vetada por Bolsonaro. “Milhões de vidas dependem da derrubada desse veto”, afirma Paim.

Veto 48/2021: Quebra de patentes de vacinas contra a Covid-19

Outra lei de autoria de Paulo Paim, a quebra temporária de patentes de vacinas e medicamentos em caso de emergência de saúde acabou parcialmente vetada por Bolsonaro, prejudicando o objetivo da medida. Em recente entrevista à TvPT, Paim explicou a importância dessa votação:  “A derrubada do veto 48 vai garantir a produção de medicamentos ou insumos da fonte original no Brasil, a baixo custo, para a produção de vacinas. Poderemos produzir vacina e ajudar os países mais pobres, como os do continente africano. É fundamental que o Congresso não fuja desse debate”, argumentou.

Veto 59/2021: Saúde Menstrual

Ainda na área da saúde, Bolsonaro também vetou a criação do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, proposto pelo PL 4968/2019, de autoria da deputada federal Marília Arraes (PT-PE). A proposta prevê a distribuição de absorventes higiênicos para estudantes dos ensinos fundamental e médio, mulheres em situação de vulnerabilidade e presidiárias. “Derrubar esse veto é um compromisso nosso e de todos que lutam pela vida e pelos direitos das brasileiras”, defende Marília.

Veto 36/2021: Privatização da Eletrobras

Também está na pauta de votações do Congresso o veto parcial ao projeto de lei de conversão que modificou a MP de privatização da Eletrobras, transformada na Lei 14.182, de 2021. Bolsonaro vetou diversos artigos, incluindo a possibilidade de empregados demitidos após a privatização (que o PT luta para evitar) adquirirem ações da empresa com desconto e a permissão para que funcionários demitidos da Eletrobras até um ano após a privatização sejam realocados em outras empresas públicas.

Veto 46/2021: Lei de Segurança Nacional e crimes contra o Estado Democrático de Direito

Jair Bolsonaro não teve forças para impedir o fim da Lei de Segurança Nacional (LSN) e sancionou, em setembro passado, o projeto de lei que  extinguiu esse vergonhoso resquício da ditadura. Porém, o atual presidente agiu em causa própria e vetou alguns trechos importantes, como a criminalização do ato de espalhar ou promover fake news que possam comprometer o processo eleitoral.

“Bolsonaro se utiliza dos vetos para se proteger dos próprios crimes. A comunicação enganosa em massa produziu nesta pandemia a desinformação e levou milhares de brasileiros à morte. Para além disso, a eleição do Bolsonaro é fruto dessa estratégia que contamina e destrói a nossa democracia”, avaliou, à época, o autor do projeto que acabou com a LSN, senador Rogério Carvalho (PT-SE).

Veto 8/2022 – Renegociação de dívidas dos pequenos empresários

Com esse veto, Jair Bolsonaro barrou o Programa de Reescalonamento do Pagamento de Débitos no Âmbito do Simples Nacional (Relp), que prevê a renegociação de R$ 50 bilhões em dívidas de micro e pequenas empresas brasileiras enquadradas nos regimes Simples e Microempreendedor Individual (MEI).

“Esse veto de Bolsonaro impede qualquer recuperação econômica. É um ataque aos empreendedores e microempresas, que precisam fazer a travessia para se manterem em 2022 e para fazer a roda da economia girar”, defende o líder do PT na Câmara, deputado federal Reginaldo Lopes (MG).

 

Com informações da Agência PT

(PL)