Concluímos o primeiro turno deste processo eleitoral no último domingo, dia 15. Uma eleição que foi marcada profundamente pela abstenção, uma abstenção recorde que se deve não apenas à pandemia, mas creio eu também à apatia da população diante do nível da política brasileira, diante da deteriorização da forma de se fazer política no Brasil.

Mas a primeira conclusão que podemos chegar sobre os resultados das eleições diz respeito ao grande derrotado. O grande derrotado destas eleições chama-se Jair Messias Bolsonaro e todo o bolsonarismo.

Bolsonaro imaginava que bastava colocar a mão no ombro dos candidatos e que ambos seriam vitoriosos no pleito de 15 de novembro. Não foi assim que aconteceu, pelo contrário, dos inúmeros candidatos que ele apoiou, pouquíssimos tiveram vitórias eleitorais. Ou seja, a grande maioria foi derrotada e derrotada de forma fragorosa.

Dou aqui apenas três exemplos para deixar claro o tamanho da derrota de Bolsonaro. No Rio de Janeiro, na capital, o filho número dois, Carlos Bolonaro, viu sua votação cair para menos da metade. A mãe dos filhos de Bolsonaro, sua ex-esposa, atingindo aproximadamente 2 mil votos, não alcançou a eleição para a câmara de vereadores do Rio de Janeiro. Da mesma forma a funcionária fantasma de Bolsonaro, Val do Açaí, que adotou o nome de “Val Bolsonaro”, teve um número insignificante de votos e não se elegeu vereadora na cidade de Angra dos Reis.

Aconteceu isso também em Manaus com o candidato de Bolsonaro à prefeitura da capital amazonense. O coronel Menezes ficou em quinto lugar no processo eleitoral. Ou seja, são expressões que mostram que a população começa a perceber quem é Bolsonaro, o que ele defende e o que ele quer para o nosso país e para a nossa gente.

Ou seja, fica claro que nós voltamos a ter no Brasil uma disputa política, porque é isso que nós precisamos ter. Obviamente que nós condenamos profundamente essa postura de discriminação, essa postura agressiva do ódio de Bolsonaro contra setores e parcelas importantes da sociedade: mulheres, homessexuais, o povo empobrecido.

É claro que nós condenamos isso. Mas o que deve ser o carro-chefe da nossa disputa é o projeto de Brasil. E já tivemos a primeira prova que se conseguirmos ir para a dispua política nós venceremos.

O que tirou a esquerda do poder não foi a disputa política, pelo contrário, isso sempre nos manteve no poder. O que nos tirou do poder foi a lawfare, foi esta criminalização, esta guerra contra a política, mas sobretudo contra a esquerda, porque se fôssemos para a disputa política de projetos, estaríamos no poder até hoje.

E é esse o grande esforço que nós precisamos fazer. Já iniciamos agora em 2020 e devemos seguir unidos para 2022, mostrando as diferenças de projeto de nação que Jair Bolsonaro representa e o projeto que nós representamos.

Jair Bolsonaro destrói o processo de inclusão social, de políticas sociais importantes. Destrói o Brasil enquanto nação soberana, desenvolvida, rica para a grande maioria do seu povo. Então é essa a disputa que nós temos que ter.

Em relação ao segundo turno, penso que as esquerdas e os setores progressistas do Brasil estão bem posicionados e nós precisamos nos envolver muito neste embate, que vai ser um embate duro. Mas eu creio que poderemos sair vitoriosos em Porto Alegre, em São Paulo, nas várias cidades onde partidos progressistas estão concorrendo.

E repito: é importante que estejamos unidos em torno de nossas candidaturas, em torno do nosso projeto desde já, no segundo turno desse processo eleitoral e mantendo essa unidade tendo em vista as eleições de 2022. Vamos à luta, vamos à vitória.

 

*Vanessa Grazziotin, ex-senadora (AM), é membro do Comitê Central e secretária da Mulher do PCdoB

 

(PL)