Esse quadro não ocorre por acaso, é fruto de uma decisão política, de um projeto econômico que penaliza os mais pobres e favorece os ricos, as grandes corporações e o capital financeiro

O Brasil vive hoje um de seus momentos mais difíceis. À grave crise sanitária, se somam as crises política e econômica. Vivemos uma verdadeira tragédia, que leva mais de 33 milhões de brasileiras e brasileiros ao desemprego e subemprego. A taxa de desemprego atingiu o recorde de 14,7% em abril deste ano.

Por Vanessa Grazziotin*

Além da falta de renda e emprego, a situação se agrava com a diminuição dos programas sociais, com a liquidação dos direitos dos trabalhadores, com a precarização das relações de trabalho e com o crescente processo inflacionário, com o desmonte do patrimônio público, com o negacionismo e com as constantes ameaças à democracia.

O desemprego e a carestia são os fantasmas da população mais pobre. O botijão de gás é vendido a R$100. No período de um ano o óleo de cozinha subiu 54,9%, as carnes 38,17%, os legumes e cereais 31,84% e os combustíveis 43,92%.

Essa nova e triste realidade representa o oposto do que o Brasil viveu recentemente. É a interrupção de uma década (de 2004 a 2013) de um processo de inclusão social, incremento dos programas sociais e com o crescimento da renda média das famílias.

Esse quadro não ocorre por acaso, é fruto de uma decisão política, de um projeto econômico que penaliza os mais pobres e favorece os ricos, as grandes corporações e o capital financeiro, que aprofunda a acumulação de renda entre poucos e amplia as desigualdades sociais.

Em paralelo a isso, Bolsonaro segue com a política de desmonte nacional. De desmonte dos mecanismos de ações econômicas indispensáveis para alavancar um processo de desenvolvimento nacional, independente e soberano, que gere tecnologia, emprego e renda, que fortaleça a educação e contribua para execução de políticas públicas inclusivas.

Numa atitude de lesa pátria, Bolsonaro mira suas ações nocivas e deletérias nas duas maiores e principais empresas públicas brasileiras, a Petrobras e a Eletrobrás , que estão sendo desmontadas e privatizadas. Empresas que atuam em segmentos fundamentais, indispensáveis e estratégicos para o desenvolvimento de qualquer nação.

Não bastasse tudo isso, a corrupção corre solta no governo de Bolsonaro, que, conforme demonstra a CPI do Senado, envolve inclusive as ações de combate à Covid-19, o que faz com que o Brasil seja o país de maior letalidade pelo vírus, já são mais de 550.000 mortes.

É contra isso, contra essas ações criminosas que buscamos construir um grande movimento nacional, que buscamos mobilizar a maioria da população brasileira. Muitas e vitoriosas tem sido as manifestações realizadas Brasil afora, mas precisamos avançar ainda mais, buscar outras formas de mobilização, estar mais próximos e dialogar com a população.

Fazer panfletagens nas portas de fábricas, no comércio, nas feiras, nas universidades. Organizar atividades culturais. Desenvolver ações no Congresso Nacional e principalmente nas bases dos parlamentares. Pois será assim, com muita mobilização e organização, que derrotaremos Bolsonaro.

Ouça o áudio:

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*Secretária nacional da Mulher do PCdoB. Foi dirigente estudantil e sindical; vereadora em Manaus, deputada federal e senadora da República pelo PCdoB Amazonas. Foi procuradora da Mulher no Senado.

(Artigo publicado originalmente no jornal Brasil de Fato)

 

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