A Vale anunciou um lucro líquido de R$ 121,2 bilhões em 2021, o maior lucro de uma empresa da história do Brasil, 353% maior do que o registrado em 2020 de R$ 26,7 bilhões. O resultado da Vale supera o lucro de R$ 106,7 bilhões anunciado pela Petrobras na quarta-feira (23).

Com os preços recordes do minério de ferro, a empresa segue derrubando barragens e provocando desastres humanos e ambientais em sua frenética busca de superlucros.

A produção de minério de ferro foi de 340 milhões de toneladas e, segundo o presidente da empresa, só não atingiu 400 milhões por causa da tragédia que a mineradora provocou em Brumadinho e que insistentemente se recusa a indenizar.

Para uma receita líquida de R$ 293,5 bilhões, a empresa obteve uma lucratividade de 41,29%. O resultado da empresa foi apresentado na quinta-feira (24). No quarto trimestre de 2021, a mineradora obteve um lucro de R$ 29,9 bilhões, valor 243% maior em comparação ao lucro de R$ 8,7 bilhões registrado no quarto trimestre de 2020.

Os lucros foram alcançados pela disparada dos preços do minério de ferro no mercado internacional, que subiram com a retomada da economia mundial em 2021, após o auge da pandemia da Covid-19. Todos os lucros obtidos pela Vale sempre estiveram ligados aos preços internacionais destas commodities e não ao fato dela ser privada ou estatal, como se apregoava falsamente na época de sua privatização.

A Vale estatal sempre foi lucrativa, além de nunca ter provocado nenhum desastre ambiental. A sua criminosa venda em 1997 obteve R$ 3,5 bilhões, quando somente as suas reservas minerais eram calculadas em mais de R$ 100 bilhões à época.

Só para se ter uma ideia do que representou de perdas para o país a entrega da então Vale do Rio Doce, o valor da venda da estatal correspondia a apenas um ano de lucro da empresa. Ou seja, com apenas um ano os compradores já haviam amortizado o capital usado para a compra.

Monopólio privado

O monopólio da produção de minério de ferro, de pelotas e de níquel, transferido para grupos privados com a privatização da Vale do Rio Doce, fez com que grande parte desse lucro obtido com a alta dos preços internacionais fosse para fora do país. A diretoria da Vale informou que o conselho de administração da empresa aprovou o pagamento de US$ 3,5 bilhões (R$ 18,5 bilhões) em dividendos aos acionistas, grande parte estrangeiros, para março.

A vantagem competitiva que a indústria nacional poderia ter com um preço administrado que o monopólio estatal poderia oferecer para estimular o desenvolvimento industrial brasileiro não pode mais ser realizado visto que o monopólio privado tem o lucro como motor da sua atividade. A busca dos superlucros, que sua posição monopolista lhe propicia, faz com que a empresa não traga nenhum ganho ao país além de provocar desastres em série .

Vale do Rio Doce

A Vale do Rio Doce foi privatizada através de um leilão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro em 1997, encerrando a venda do controle acionário da maior mineradora de ferro do mundo por R$ 3,3 bilhões.

A Vale é hoje em dia a empresa de maior valor de mercado da economia brasileira com valor estimado de R$ 557 bilhões. Numa conversão grosseira para o mesmo valor em dólares algo um pouco acima de US$ 100 bilhões.

A Vale do Rio Doce não só não dependia do Tesouro Nacional como aportava aos cofres públicos bilhões de reais com os lucros que obtinha. Comemora 80 anos, dos quais 57 deles sob a administração do Estado que a tornou a maior empresa no mercado de minério de ferro e pelotas (posição que atingiu em 1974 e ainda mantém) e a maior produtora de manganês e ferroligas do Brasil.

Os brasileiros resistiram à privatização da Vale do Rio Doce, empresa estratégica para o desenvolvimento do Brasil, que foi criada em 1942 por Getúlio Vargas com recursos do Tesouro Nacional. Em 2007, os movimentos populares voltaram às ruas e realizaram um Plebiscito Popular com três milhões e 700 mil votantes a favor da anulação da privatização e a reestatização da mineradora. Infelizmente o governo da época não atendeu aos reclamos da população.