Barragem da Vale na cidade era do tipo "a montante", considerada mais barata e insegura

Segundo pesquisa da consultoria Economatica, a campeã na distribuição de dividendos este ano será a Vale, companhia de minério que, depois de privatizada, protagonizou desastres ambientais gigantescos como o de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A previsão é que 72,6 bilhões sejam fatiados entre os acionistas em 2021.

É nesse contexto de divisão bilionária de lucros entre acionistas que as famílias vítimas do desastre da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019, que matou 270 pessoas, quase três anos depois, ainda aguardam indenização justa pela perda de seus familiares, casas ou rendas.

Nesta última semana, a Justiça condenou a mineradora a pagar indenização de R$ 1 milhão por danos morais para herdeiros dos trabalhadores da mina. O total que já deveria ter sido pago é de R$ 100 milhões, uma vergonha perto do que os acionistas receberão em apenas um ano. Sete vítimas continuam desaparecidas.

Petrobras

A pesquisa, encomendada pelo Estadão, mostrou também que a Petrobras vai pagar, R$ 40,1 bilhões aos acionistas, boa parte estrangeiros em 2021. A parte da União, incluindo a fatia do BNDES em ações na estatal, será de apenas R$ 23,3 bilhões – somando o valor recorde de R$ 63,4 bilhões.

A abundância em recursos que serão drenados da estatal e do povo para os acionistas é fruto de uma política de privilégio à distribuição dos lucros aos estrangeiros e desmonte da maior e mais importante estatal do povo brasileiro, com a privatização das subsidiárias como a BR Distribuidora e refinarias. O cofre engorda à medida que a direção da Petrobras mantém uma política de preços atrelada ao dólar: o barril de petróleo tipo Brent está sendo comercializado a US$ 80, o maior nível em oito anos, refletindo nos preços dos combustíveis aqui no país. Enquanto os acionistas ganham, o preço da gasolina nos postos disparou e já acumula alta de 47,42% em 12 meses. Além do impacto no bolso dos brasileiros, o preço dos combustíveis eleva os custos da indústria e dos transportes, contribuindo em dobro para a carestia com o aumento generalizado da inflação – inclusive dos alimentos. E não só a gasolina disparou, também o diesel e o gás de cozinha, prometido por Bolsonaro a R$ 35 entrega a R$ 140.