Uruguai: Frente Ampla cobra ajuda emergencial frente à pandemia
Senadores e deputados da Frente Ampla do Uruguai ratificaram nesta semana sua proposta de renda básica emergencial para enfrentar a gravidade da crise causada pela pandemia. “O aumento dos casos de Covid-19 e os crescentes impactos sociais e econômicos fazem necessário tomar mais medidas”, sublinharam.
Embora some neste sábado 56.542 mil contagiados e 601 mortes pelo coronavírus, o país de cerca de 3,5 milhões de habitantes e com força de trabalho de 2,49 milhões, tem mais de 500 mil sem emprego. Esse número, que supera os 20% da mão de obra, afeta principalmente as mulheres e os mais jovens. O meio milhão de desocupados expressa a taxa de desemprego ampliada que inclui aqueles que não estiveram buscando trabalho nas últimas quatro semanas, fatia dos desempregados normalmente desconsiderada pelos que fazem a estatística, ou seja, considerando os que desistiram de procurar trabalho em 1 mês como fora da força de trabalho.
Diante do quadro desolador, a bancada cobrou urgência do presidente Luis Lacalle Pou, uma vez que “o volume de recursos injetado no ano passado foi limitado e insuficiente, tanto diante das necessidades básicas como frente a qualquer comparativo internacional”.
Entre as principais propostas apresentadas está a garantia de um subsídio para que a renda mensal dos uruguaios atinja um salário mínimo, de março a junho, com a possibilidade de prorrogação pelos próximos meses, e a suspensão dos despejos de habitação e cortes nos serviços, com o adiamento dos pagamentos de serviço de eletricidade, água e internet relativos ao consumo básico dos setores mais necessitados. Maior atenção, propuseram os parlamentares, deve ser dada às famílias com menores de 12 anos e com filhos com deficiência, que deverão receber um subsídio para os aluguéis.
As condições econômicas dos próximos meses, alertaram, “dificultarão o trabalho de muitas pessoas e se faz necessário garantir tanto a permanência nos seus lares, como o acesso aos serviços básicos a eles prestados”.
A Frente Ampla também defendeu do governo o adiantamento e a aceleração de obras de infraestrutura e o investimento em moradias, com impacto altamente positivo na geração de emprego e renda. Além disso, a bancada reiterou a necessidade de apoio às micro e pequenas empresas e à parcela das médias, em especial as que vendem para o mercado interno, sem a cobrança de juros pelo adiamento de cobranças, entre outras ações. Diante do quadro desolador e à ausência de perspectiva para o turismo, foi defendida atenção especial ao setor, fortemente atingido.
Em contraposição aos neoliberais, que se opõem terminantemente ao investimento público, os parlamentares da Frente Ampla esclareceram que este conjunto de iniciativas terá um custo menor para o Estado, uma vez que reativam e dinamizam a economia. “Elas vão gerar renda que retornarão aos cofres públicos em termos de contribuições para as pensões e aposentadorias, com menores pagamentos de seguro-desemprego, maiores receitas do IVA (Imposto de Valor Agregado) e maior consumo, entre outros”, sublinharam.