Unicef denuncia morte de 10 crianças pelas bombas de Israel em Gaza
Lucia Elmi, representante na Palestina do órgão da ONU para a proteção à infância, Unicef, exigiu um fim aos ataques à Faixa de Gaza que, na terça-feira (11) já resultaram em 30 palestinos mortos, inclusive 10 deles são crianças.
“O conflito tem um impacto profundo e de longa duração sobre as crianças, independentemente de onde elas vivam. Uma criança é uma criança. Isso tem se prolongado por muito tempo. Todos os lados devem impedir mais escalada da violência, proteger os civis e dar um basta às violações contra crianças onde quer que elas se encontrem e sempre”, diz a declaração da representante da Unicef em conjunto com o diretor de operações da Agência da ONU para os Trabalhos de Apoio aos Refugiados (UNRWA, sigla em inglês), Matthias Schmale.
Das crianças mortas, quarto eram irmãs, e a maioria estudava na mesma escola patrocinada pela ONU na Faixa de Gaza. Além dessas, outras 25 ficaram feridas após o bombardeio israelense a Gaza, que também demoliu propositadamente um prédio de moradores de 14 andares (os moradores foram avisados para deixar seus apartamentos que logo virariam um monte de destroços). A destruição foi perpetrada por mísseis atirados por caças israelenses.
No total, de acordo com os órgãos de saúde palestinos, 160 moradores de Gaza ficaram feridos devido a bombardeios por Israel em diversos pontos da Faixa de Gaza.
Também foram assassinados extrajudicialmente líderes do Hamas e do movimento Jihad Islâmico.
A tensão tem se exacerbado nos últimos dias devido a diversas ações opressivas e provocativas por parte do governo de Netanyahu.
A polícia de Jerusalém fechou uma das entradas de Jerusalém, o portão de Damasco, cujo pátio tem sido tradicionalmente o mais frequentado pelos palestinos ao final das orações do Ramadan, foram enviados mais de 5.000 policiais para circular no lado leste (o lado árabe da cidade histórica), as organizações de ultradireita, aliadas de Netanyahu foram até a frente do portão para bradar “morte aos árabes” e “árabes fora”, quando os protestos começaram a acontecer por parte dos palestinos, a polícia agiu de forma desproporcionalmente violenta, deixando até aqui cerca de 1.000 manifestantes e fiéis feridos e, para elevar o acirramento dos ânimos, atacaram mesquita Al Aqsa, a mais sagrada da Palestina, com granadas de atordoamento e de gás lacrimogêneo no interior da mesquita em pleno período de orações que atraem este ano 90 mil pessoas para a chamada Esplanada das Mesquitas em Jerusalém.
A isso tudo se deve acrescentar a ameaça que paira sobre dezenas de famílias do bairro palestino de Sheikh Jarrah, situado em Jerusalém. Facções direitistas israelenses entraram com petição judicial para tentar tomar residências e terreno dos moradores do bairro desde 1948. São palestinos expulsos de seus lares naquela que se tornaria Israel a partir daquela data e que se instalaram aí. A solidariedade aos moradores de Sheikh Jarrah ultrapassou as fronteiras do bairro e se espalhou pela Palestina inteira e por Israel. Líderes governamentais e parlamentares de diversos países, especialmente dos Estados Unidos condenam a ameaça de despejo em massa.
A reação do Hamas a essa avalanche de agressões por parte da políicia, hordas fascistas e órgãos governamentais israelenses foi atirar um míssil que caiu em terreno descampado nas cercanias de Jerusalém. A pretexto de reação a este foguete, a força aérea israelense fez diversas incursões atirando mísseis sobre a população de Gaza na segunda-feira.
Como resposta, o Hamas assumiu a autoria de uma barragem de centenas de foguetes de baixa potência. Seis deles chegaram a Jerusalém (é a primeira vez que a cidade sofre esse tipo de ataque em quase dez anos). As cidades israelenses de Tel Aviv, Ashkelon, Holon, Petah Tikva, Sderot, foram atingidas. Três israelenses morreram, uma escola em Ashkelon ficou parcialmente destruída, os foguetes destruíram carros e ônibus.
Foguetório do Hamas dá respiro a Netanyahu
Apesar da reação do Hamas acontecer após uma série de violações e provocações israelenses, o recurso aos foguetes sobre áreas civis israelenses não poderia acontecer em pior momento para as forças que pretendem um governo que liberte os israelenses e palestinos desse círculo infernal de provocações, assalto a patrimônio palestino, conflito e guerras, prática na qual o governo dirigido por Netanyahu tem se revelado particularmente afeito.
Exatamente na semana em que a saraivada de foguetes caia sob cidades israelenses, as vertentes opositoras avançavam rumo a um governo unindo parlamentares eleitos pela esquerda, centro e direita, capazes de afastar de Israel o nefasto e corrupto comando de Netanyahu. A previsão colocada pelos líderes da negociação pela formação do bloco de unidade, Yair Lapid e Nafatali Bennet, era de anúncio do governo na sexta-feira (14).
Uma das facções árabes que estava em avançadas negociações com o bloco, a Lista Árabe Unida, adiou as conversas até que a violência cesse.