Ucrânia tira do ar canal de TV: ONU condena e EUA apoia censura
A TV Strana, um dos portais mais acessados foi tirado ar pelo Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia sob o pretexto de ameaça à segurança do país. O afastamento do canal via redes sociais no dia 20 se soma ao bloqueio a outros meios de divulgação por Internet ligados a forças oposicionistas ao governo de Volodymyr Zelensky.
A embaixada dos EUA em Kiev apoiou as restrições a essa parcela da imprensa local dizendo que a “América apoia os esforços para conter a maligna influência russa”.
Os jornalistas da Strana condenaram a decisão “que atinge o maior veículo de oposição na Ucrânia com sanções e restrições”. Eles também informam que não aceitarão o empastelamento do veículo e que seguirão trabalhando com outro endereço.
O veículo atendia aos ucranianos que usam a língua russa e tem sido crítico contra medidas governamentais de Zelensky que são tomadas de forma submissa a demandas anti-Rússia que partem da Casa Branca em sua nova modalidade de guerra fria.
Alexey Danilov, secretário do Conselho de Segurança ucraniano defendeu a censura dizendo apenas que a medida era baseada em “documentos”, mas sem apresentar nenhum. Na declaração disse que os editores da Strana estariam “envolvidos em atividades ilegais no território’ da Ucrânia sem especificar quais seriam elas.
O ataque à Strana acontece – segundo informa a Agência de Notícias Russia Today – ao mesmo tempo em que restrições são determinadas contra cidadãos russos residentes na Ucrânia assim como juízes e servidores. Recentemente o ataque atingiu o deputado Andrey Derkach.
No mês de fevereiro, o presidente Zelensky – que apesar de ter sido eleito como opositor ao governo do golpista Poroshenko – tem assumido o mesmo comportamento autoritário de seu antecessor.
Em fevereiro, baixou decreto com sanções contra oito grupos de notícias que produzem conteúdo na língua russa (língua com alto índice de uso que se difundiu mais ainda durante a vigência da União Soviética que a Ucrânia integrava).
O conselheiro de Zelensky, Mikhail Podolyak, disse que tudo isso não se tratava de censura, mas ações para “conter propaganda estrangeira” e que essa mídia “mataria os valores do país”.
Informe do Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU, divulgado no mês de junho, condena o governo Zelensky pelo que caracteriza como uma série de medidas repressivas. “São decisões contrárias os padrões internacionais de direitos humanos, ainda mais por faltar justificativas quanto a sua necessidade e proporcionalidade”.
Viktor Medvedchuk, líder o maior partido de oposição, Plataforma pela Vida, denuncia que a campanha contra a oposição, tanto organizações quanto lideranças políticas, acontecem quando há uma queda na sua popularidade.
“A repressão política, o estabelecimento de um regime ditatorial, o fechamento de canais de notícias, a discriminação contra a língua russa, a política de russofobia e a usurpação de poder são resultado de sua tentativa desesperada de manter os mesmos índices de aceitação”, afirmou Medvedchuk que desde o início do ano tem sido acusado de “traição” e aguarda julgamento.