“Tudo o que Trump ordenava, o chanceler Ernesto Araújo cumpria”
O diplomata Paulo Roberto de Almeida respondeu ao ex-ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro, Ernesto Araújo, e disse que ele fez uma gestão desastrosa e antinacional.
Araújo publicou um texto argumentando que “jamais promovi alinhamento automático” aos Estados Unidos e “mantive relações produtivas” com a China, maior parceira comercial do Brasil.
Para Paulo Roberto de Almeida, “o patético chanceler acidental parece não ter consciência de que vive num mundo situado em outra galáxia, distante das preocupações normais dos diplomatas profissionais”.
O diplomata disse que “todas as vezes que Trump ordenava alguma coisa, o traidor chanceler dos nossos interesses se apressava em cumprir, zelosamente, até de forma escabrosa, como ocorreu, por sinal, na decisão de retirar o nome do candidato do Brasil à presidência do BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], para favorecer o nome de um preposto de Trump”.
Almeida também citou o caso da tecnologia 5G, da qual o governo Bolsonaro se esforça para tirar as competidoras chinesas do páreo para favorecer os EUA.
“Não se trata sequer de alinhamento obediente, mas de pura submissão automática e antinacional”, diz o diplomata que tem 44 anos de carreira e vários livros publicados sobre diplomacia, economia e história.
À frente do Itamaraty, Ernesto Araújo enfraqueceu as relações com a China em diversos momentos, falando até mesmo que o coronavírus é culpa do país asiático.
“As mais tensas relações do país com o parceiro mais essencial se deram justamente com a China, e não exclusivamente por causa do anticomunismo primário do chanceler anacrônico, mas por causa das obsessões antichinesas da família presidencial”, avaliou o diplomata Paulo Roberto de Almeida.
Araújo sofreu pressão da sociedade e foi demitido “exatamente pela condução absolutamente caótica, negativa, catastrófica das relações com o maior parceiro comercial desde 2009, o único que permite superávits salvadores na balança comercial”, completou.
Paulo Roberto de Almeida era diretor do Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais (Ipri), do Ministério das Relações Exteriores, até 2019, quando foi demitido por ter republicado em seu blog textos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e do ex-ministro Rubens Ricupero sobre a crise na Venezuela.