Trump sabota mediação da França para retomar de diálogo com Irã
Em reunião com seus ministros, o presidente iraniano, Rouhola Khomeini, afirmou, na quarta-feira, que o responsável pela não retomada das negociações acerca do acordo nuclear é o presidente dos Estados Unidos.
O primeiro passo para a retomada das negociações aconteceria após uma mediação pelo presidente francês, Emmanuel Macron, a quem o presidente iraniano agradeceu informando que Macron e a delegação francesa à Assembleia Geral da ONU investiram seis horas de “esforços diplomáticos”, mas nada foi adiante devido à sabotagem por parte de Washington.
Macron tentou adiantar a retomada das conversas entre Estados Unidos e Irã mediante os primeiros passos que seriam a suspensão de novas etapas na pesquisa nuclear para enriquecimento de combustível atômico em troca da suspensão das sanções por parte da Casa Branca, em especial as restrições à venda e aquisição de petróleo.
Rouhani esclareceu: “Estávamos prontos e não foi o Irã, a França, o Japão ou qualquer dos demais países que impediram os desdobramentos e sim a Casa Branca”.
“O presidente Trump, ao contrário do que dissera em privado aos franceses, disse em duas ocasiões, uma delas em seu discurso na ONU, que iria intensificar as sanções. Eu disse isso aos amigos europeus. Como posso acreditar nele ou persuadir os iranianos de que não seríamos decepcionados?”, enfatizou Rouhani.
O presidente do Irã avalia que o interesse de Trump era fazer o contato telefônico e divulgar na imprensa local, mantendo o garrote sobre os iranianos e assim mostrando superioridade nas negociações, mas, esclareceu: “A nós não interessa o interesse norte-americano nesta questão e sim o nosso propósito, defendemos o interesse nacional”.
Além disso, Rouhani deu os parabéns aos ministros dizendo que o país conseguiu enfrentar pressões econômicas sem precedentes e tem se tornado um país reconhecido por sua importância em todo o mundo. “Na visita que fiz à sede da ONU, políticos e diplomatas vieram em grande número até nós. Todos queriam ouvir de nós a nossa visão sobre a dinâmica regional e a política mundial”.
“Todos estavam sentindo que a tensão criada por Trump também pode afetar a Washington e repercutir na opinião pública dos Estados Unidos. O que sentimos em nossa curta estadia em Nova Iorque é que a atmosfera negativa que o inimigo tentou criar em torno do Irã foi desbaratada e outras condições se levantam porque estamos defendendo a paz e apresentamos a proposta de negociações com os países que se encontram em torno do estreito de Ormuz (à entrada do Golfo e por onde passa um elevado percentual do petróleo mundial)”.
“É verdade que um lobby anti-iraniano tentou criar uma atmosfera na qual o Irã seria retratado como o país que não quer negociar, e essa conspiração foi quebrada. Todos os europeus me disseram que o poder iraniano cresceu em relação a um ano atrás”, finalizou o presidente Rouhani.