Aplicativos chineses TikTok e WeChat têm acelerada adesão de usuários nos EUA | Foto: Hollie Adams/Bloomberg

“A China incentiva os Estados Unidos a abandonar seus atos repreensíveis e suas intimidações e a respeitar escrupulosamente as regras internacionais, justas e transparentes. A persistirem com suas ações unilaterais, a China tomará as medidas necessárias para proteger firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”, declarou o Ministério do Comércio da China no sábado (19), respondendo ao anúncio do Departamento de Comércio norte-americano de que proibirá, a partir de domingo (20), o download do aplicativo TikTok e o uso do aplicativo de mensagens WeChat no país.

Alegando ameaças à segurança nacional, à política externa e à economia, sem nenhum tipo de provas, o governo de Donald Trump, assinou um decreto pelo qual o aplicativo de mensagens WeChat deixará de ser acessível nos EUA a partir deste domingo. No caso do TikTok quem o tem instalado poderá continuar a usar o sistema até 12 de novembro normalmente, mas atualizações pelas lojas de aplicativos estarão restritas.

Como denuncia a China a medida só reflete a dificuldade crescente de competição no terreno tecnológico e tem caráter de demagogia antes das eleições. É na verdade um disparate já que a coleta de dados do TikTok é equivalente à de outras redes sociais que buscam informações sobre seus usuários, como o Facebook, Instagram e LinkedIn.

A TikTok e sua empresa matriz, ByteDance Ltd já entraram, na sexta-feira (18), com uma reclamação ante um juiz federal em Washington para que impeça a promulgação da proibição da rede social no país norte-americano pela administração Trump. “Agora é a hora de agirmos”, enfatizou a empresa. “Não julgamos o governo [dos EUA] levianamente, mas sentimos que não temos escolha a não ser tomar medidas para proteger nossos direitos e os direitos de nossa comunidade e funcionários”, declarou a empresa ao site Bloomberg.

A plataforma para criar e compartilhar vídeos curtos cresceu rapidamente nos Estados Unidos de cerca de 11 milhões de usuários ativos mensais em janeiro de 2018 para cerca de 100 milhões nos dias atuais. O uso global aumentou de 55 milhões em janeiro de 2018 para quase 2 bilhões.

A TikTok tem um quadro de 1.500 funcionários nos EUA, e está em procedimento de ampliação. A empresa não armazena dados dos EUA na China e os executivos-seniores da operação do aplicativo lá são norte-americanos baseados nos EUA.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse que Pequim apoia as empresas que usam meios legais para salvaguardar seus direitos e interesses legítimos e continuará a tomar todas as medidas necessárias para salvaguardar resolutamente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas.

A porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, também se pronunciou e chamou os éditos de Trump contra o TikTok de “outro exemplo flagrante de concorrência desleal”. Ela disse que não passavam de uma “manobra descarada” para forçar uma empresa chinesa “a ser absorvida por um concorrente dos EUA”.

Zakharova questionou, ainda, se tais métodos assumidos abertamente por Trump “para manter o monopólio dos gigantes da web americanos” poderiam ser considerados de acordo com “o direito internacional e os valores democráticos”.

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