O desemprego no país, no trimestre encerrado em agosto, atingiu 13,7 milhões de pessoas, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (27). Diante de uma economia estagnada e uma inflação galopante, em doze meses a informalidade – o emprego sem carteira assinada, sem qualquer proteção trabalhista e com salários mais baixos – bateu recorde atingindo 37 milhões de pessoas e o trabalho por conta própria também é recorde: 25,4 milhões de brasileiros. No período, o rendimento real dos brasileiros desabou 10,2%. Na comparação com o trimestre anterior, a queda foi de 4,3%. Em ambas as comparações foram registradas as maiores quedas percentuais da série histórica, segundo a Pnad Contínua.

“Parte significativa da recuperação da ocupação deve-se ao avanço da informalidade. Em um ano a população ocupada total expandiu em 8,5 milhões de pessoas, sendo que desse contingente 6,0 milhões eram trabalhadores informais”, declarou a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy. A taxa de desocupação foi de 13,2% no trimestre terminado em agosto e de 14,6% no trimestre terminado em maio.

Trabalhadores ganhando em média 10% a menos enquanto a inflação explode atingindo dois dígitos ao ano e corroendo a já minguada renda é mais um feito de Bolsonaro que tenta pintar de cor-de-rosa a economia, enquanto os preços dos combustíveis, energia elétrica, gás de cozinha, alimentos, aluguel, remédios disparam e a extrema pobreza aumenta. E os reajustes salariais não acompanham a disparada da inflação.

“A queda no rendimento está mostrando que, embora haja um maior número de pessoas ocupadas, nas diversas formas de inserção no mercado e em diversas atividades, essa população ocupada está sendo remunerada com rendimentos menores. A ocupação cresce, mas com rendimento do trabalho em queda”, diz a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

Na comparação com o mesmo trimestre (junho, julho e agosto) do ano passado, as maiores quedas no rendimento médio dos trabalhadores ocorreram na indústria (-13,8%), no segmento de alojamento e alimentação (-11,6%), no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-9,6%) e na construção (-9,2%).

Informalidade

No trimestre encerrado em agosto, a taxa de informalidade bateu 41,1% da população ocupada, somando 37,13 milhões de pessoas. Aqui estão os trabalhadores que fazem trabalhos eventuais, incluindo quem se vira vendendo bala no farol, catadores e entregadores. No trimestre anterior, a taxa havia sido de 40% e no mesmo trimestre de 2020, de 38%.

O aumento sistemático de pessoas sobrevivendo nessas condições acompanha a explosão da inflação, o corte dos benefícios sociais e o arrocho na renda – marcos da gestão Bolsonaro.

Conta própria

Como consequência da grave crise econômica e falta de postos de trabalho formais, a pesquisa computou que no trimestre encerrado em agosto 25,4 milhões de pessoas estavam trabalhando por conta própria, ou seja, se virando como podem, sem estabilidade e renda fixa. O número representa um aumento de 4,3% (mais 1 milhão de pessoas) na comparação com o trimestre anterior, de 18,1% (mais 3,9 milhões de pessoas) frente ao mesmo período do ano passado e bate um recorde na pesquisa.

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) foi de 31 milhões de pessoas, subindo 4,2% (1,2 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior e 6,8% (2 milhões) ante o mesmo trimestre de 2020. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (10,8 milhões) subiu 10,1% (987 mil pessoas) no trimestre e 23,3% (2,0 milhões de pessoas) no ano.

O número de trabalhadores domésticos (5,5 milhões) aumentou 9,9% (mais 497 mil pessoas) no trimestre e mais 21,2% (mais 965 mil pessoas) no ano.

Como registrou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o desemprego no atual patamar permanece um dos mais elevados da série do IBGE. “É tão somente 1% abaixo do número de desocupados em jun-ago/20. Se considerarmos o número médio de desocupados para o mesmo trimestre móvel jun-ago de 2016 a 2019, isto é, ao longo do período recente de alto desemprego, mas antes da pandemia, o patamar atual de desocupação ainda é 8,7% superior. Ou seja, o quadro atual continua pior do que a fase já muito ruim que antecedeu a Covid-19”.