A Organização Internacional do Trabalho (OIT) fez um alerta esta semana para o que ela classifica de “erosão” dos direitos trabalhistas em virtude do crescimento acelerado do trabalho digital.

Segundo a agência da ONU (Organização das Nações Unidas), na última década, as plataformas digitais cresceram cinco vezes, e, com a pandemia da Covid-19, houve uma aceleração maior ainda da economia digital, provocando grandes mudanças na forma como o trabalho foi organizado e regulamentado durante décadas.

A OIT afirma que, com a perda de empregos, milhões se tornaram trabalhadores ocasionais e que “no seu melhor, estas plataformas oferecem novas oportunidades”, afirmou o chefe da OIT, Guy Ryder, alertando, no entanto, que em muitos casos, o trabalho é mal remunerado – metade dos que trabalham virtualmente ganham menos de dois dólares por hora – e carece de acesso a benefícios trabalhistas tradicionais, como negociações coletivas, seguro e proteções contra lesões relacionadas à função.

Para Guy Ryder, é importante que os direitos trabalhistas já estabelecidos no mundo “analógico”, como benefícios de saúde e outros, sejam protegidos no universo do trabalho para plataformas.

Após entrevistar 12 mil trabalhadores de 100 países, 70 negócios e 16 empresas de plataformas, o primeiro relatório detalhado da economia de plataformas da entidade afirma que foram encontradas desigualdades consideráveis nas plataformas. Trabalhadores de países em desenvolvimento recebem 60% menos do que os de países desenvolvidos, mesmo depois de controlarem características básicas e tipos de tarefas, e mais de 70% dos taxistas relataram que seu número diário médio de viagens e rendimentos diminuiu depois que uma plataforma dominou o mercado, diz o relatório.