Trabalhadores dos Correios pressionam Congresso: “Não à privatização”
O Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo (SINTECT-SP) convoca os trabalhadores a intensificarem a mobilização contra o projeto do Governo Federal que pretende vender 100% do capital da estatal à iniciativa privada.
“Além de Inconstitucional, a privatização dos Correios é destruição do patrimônio público e nociva à população brasileira e ao país”, afirma o presidente do SINTECT-SP, Elias Cesário, o Divisa.
Após o modelo de privatização dos Correios ter sido definido pelo Governo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já estipulou a votação do projeto de lei (PL) 591, enviado por Bolsonaro ao Congresso, para os próximos dias.
Com a palavra de ordem “Correios, o que é essencial para o povo não se vende”, o SINTECT-SP e entidades que representam os trabalhadores da estatal em todo o país estão convocando a categoria e o povo brasileiro em geral para cobrarem dos parlamentares a não aprovação do projeto.
Para isso, as entidades divulgaram em seus sites a lista de endereços das redes sociais e e-mails dos líderes dos partidos e blocos do Congresso para uma “mobilização virtual total contra a venda dos Correios!”.
“O governo Bolsonaro quer destruir os Correios, e se conseguir vai ampliar o desemprego, causar um apagão postal no país e inviabilizar os pequenos negócios empresariais e comerciais, os principais impulsionadores da economia e da geração de emprego”, afirma Divisa.
O dirigente sindical alerta que “sem estatais tudo vai se deteriorar mais rápido” no país, ainda mais nas condições atuais “de recessão, crise econômica e desemprego”.
“São as estatais que fazem investimentos, promovem inovações, sustentam e dão condições para a economia funcionar e dar base ao crescimento”, diz.
Alertando que os países que privatizaram suas empresas públicas estratégicas como os Correios “voltaram atrás”, Divisa afirma que “o Brasil está na contramão do mundo”. “Querem privatizar os bancos públicos, a Eletrobrás e os Correios. Justamente os três setores estatais que dão base às atividades econômicas e terão importância cada vez maior na economia”, diz.
Segundo Divisa, “se conseguirem emplacar essas privatizações, os pequenos negócios ficarão com os custos maiores. Para sobreviver, os pequenos vão ter que trabalhar para os grandes e entregar parte de suas rendas a eles. Amazon, Mercado Livre, I Food, Uber e outros gigantes vão abocanhar todo o setor de entregas”.
E exemplifica a incoerência da privatização com o exemplo americano, onde, no setor postal, “as empresas privadas controlam as entregas nos centros lucrativos e o estado mantém com recursos públicos uma estatal de Correios com quase 500 mil funcionários, para garantir o serviço nas áreas remotas, periféricas e deficitárias”.
“O Brasil viverá um apagão postal, a população de milhares de cidades ficará sem atendimento, as economias desses locais encolherão, pequenas e médias empresas não sobreviverão, o país diminuirá e, no final, o estado terá de usar dinheiro público para remendar o mal causado pela entrega do controle do setor postal às empresas privadas”, afirma.
Argumentando sobre a importância do papel do Estado em setores cruciais para o país, o sindicalista lembra que “se não existisse o SUS, os hospitais e postos de saúde públicos, e se a população dependesse apenas do atendimento privado, a mortandade por Covid seria ainda mais devastadora no Brasil. E se não fossem as estatais Fiocruz e Instituto Butantan, não existiria a produção de vacinas”.
E denuncia que, com a privatização, o desemprego e a precarização vão atingir em cheio os trabalhadores do setor.
“Não porque o setor funcionará com menos funcionários, pois as entregas aumentam e exigem cada vez mais pessoas no serviço. Mas porque funcionará com trabalhadores informais, trabalhando isolados e por contra própria em seus próprios carros e motos”, diz.
Para ele, “sem direitos trabalhistas, esses trabalhadores enfrentarão maior carga de trabalho, mais exploração, salários e direitos menores, mas terão maior dificuldade de se organizar e lutar por seus direitos, pois sua organização sindical será dificultada”.