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O torcedor Rogério Lemes foi preso no estádio do Corinthians no domingo (04) no jogo conta o Palmeiras ao protestar contra o governo Bolsonaro. Ele foi algemando e levado preso até o Posto Juizado Especial Criminal (Jecrim), onde foi registrado boletim de ocorrência. Em outras vezes o próprio Bolsonaro, ao comparecer aos jogos, foi vaiado no Mineirão, em Brasília e no Maracanã.
Lemes diz que agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar o agrediram na condução ao posto do Jecrim. Ele disse que foi levado por dois militares para uma sala reservada e sofreu chutes e um mata-leão.
“Fui humilhado, algemado e um policial me deu um mata-leão. Quando me derrubaram, eu uso prótese após ter necrose na cabeça do fêmur, pedi para me levantarem e gritaram comigo: ‘você não é bom? Agora se vira’. Ainda estou com corpo dolorido, um pegou o meu dedo e começou a torcer”, disse Lemes.
“Eu perguntei para a delegada qual o crime havia cometido, eu apenas expressei meu protesto político. Ela me respondeu que ali [no estádio] não é lugar para isso”, afirmou o torcedor à Folha de S. Paulo. No Itaquerão, Rogério Lemes repetiu a palavra de ordem que fez muito sucesso durante o carnaval e ressurgiu nos estádios, durante as vaias: “ei, Bolsonaro, vai tomar no cu”.
Depois da prisão arbitrária a Secretaria de Segurança Pública de SP tentou se explicar: “A conduta adotada para preservar a integridade física do torcedor, que proferia palavras contra o presidente da República, o que causou animosidade com outros torcedores, com potencial de gerar tumulto e violência generalizada”, disse a nota.
No boletim de ocorrência, a delegada Monia Olga Neubern Pescarmona não fala sobre agressão e diz “que o declarante Rogério estava no setor das cadeiras quando, em dado momento, expressou opinião política gritando palavras contra o atual Presidente Jair Messias Bolsonaro. Informa que foi abordado por policiais militares, os quais para evitar um tumulto o conduziram para esta delegacia.”
A professora de Escola de Direito do Brasil e doutora em Direito Político e Econômico, Mônica Sapucaia Machado, lembrou que o direito à livre expressão é garantido pela Constituição e que o pode acontecer àquele que se expressa é, por exemplo, responder por calúnia ou difamação.
“Ele não deveria ter sido detido, nem questionado [pela polícia]. Quem deveria questioná-lo é quem teria sido ofendido. Nesse caso, o presidente, por meio da Advocacia Geral da União”, disse, entendendo que não há base aparente para a justificativa policial de evitar algum tipo de tumulto.