Superpetroleiro iraniano é liberado é liberado de Gibraltar
Zarpou de Gibraltar neste domingo (18) o superpetroleiro iraniano recém liberado pelo governo do enclave britânico de Gibraltar, depois de 40 dias de apreensão ilegal por ordem de Washington, ato denunciado desde o primeiro momento por Teerã como “pirataria”.
O navio finalmente deixou o ancoradouro no Estreito de Gibraltar, como registrou a PressTV, “avançando lentamente em direção ao seu novo destino”. A bordo estão 29 tripulantes, indianos, russos, letões e filipinos.
Antes conhecido como Grace 1, o petroleiro foi rebatizado como Adrian Darya-1 após passar a ser registrado como de bandeira iraniana depois que o Panamá retirou a sua, provavelmente por pressão de Washington.
A liberação do superpetroleiro, que carrega 2,1 milhões de barris de petróleo, foi decidida na quinta-feira, apesar de pressão do regime Trump tentando impedir. Imagens ao vivo de Gibraltar e das coordenadas da embarcação no site da Marine Traffic mostram que o enorme petroleiro está deixando as águas de Gibraltar no ritmo de 2,5 nós, movendo-se para leste, mas o destino ainda não está claro.
No domingo, Gibraltar rejeitou pedido oficial dos EUA para reter o petroleiro iraniano, registrando que as razões alegadas – as sanções dos EUA contra o Irã – não são aplicáveis na União Europeia. O pedido havia sido feito às pressas na sexta-feira, após o anúncio da liberação na véspera.
O pretexto alegado pelo regime Trump para deter o superpetroleiro iraniano foi de que este tinha ligações com o Corpo dos Guardas da Revolução Islâmica do Irã, que Washington designou como “grupo terrorista” como parte de sua campanha de provocações contra o Irã.
Em comunicado, o governo da colônia inglesa em solo espanhol afirmou que não poderia atender ao pedido porque o Corpo da Guarda Revolucionária iraniana não é considerado uma organização terrorista pela União Europeia, da qual a Grã Bretanha ainda faz parte.
A declaração acrescenta que as sanções dos EUA que impedem as exportações de petróleo do Irã não podem ser aplicadas na UE, refletindo o que disse ser “as posições e regimes legais muito diferentes” das duas partes. No caso, se trata de que, enquanto as sanções dos EUA se devem à retirada unilateral de Trump do Acordo Nuclear Conjunto com o Irã, já Grã Bretanha, França e Alemanha – assim como Rússia e China – prosseguem o respeitando. O acordo de 2015 também foi consagrado pelo Conselho de Segurança da ONU.
A apreensão abrupta do superpetroleiro no dia 4 de julho, sob o pretexto de que transportaria petróleo para a Síria, o que supostamente não seria permitido por sanções europeias em relação ao conflito no país árabe, na verdade, como revelou a diplomacia espanhola, havia sido acatada por Londres após ordem da Casa Branca.
A cumplicidade de Londres, sob o agonizante governo May, na provocação contra o Irã intensificou a crise no Golfo Pérsico, e acabou levando, em reciprocidade, embora não admitido explicitamente, à apreensão de um petroleiro de bandeira britânica, depois de ingentes esforços de Teerã para solucionar o caso pela via diplomática.
Aliás, o que acabou acontecendo na medida em que o novo governo de Boris Johnson resolveu se afastar da última trapalhada de May. Pelo Estreito de Ormuz passa 20% do petróleo exportado no mundo e, a cada dia, de 20 a 30 petroleiros ingleses.
Como notou o ex-primeiro-ministro sueco, Carl Bildt, as alegações iniciais de Londres sobre a captura de um barco iraniano não se sustentavam. Primeiro, por serem sanções da União Europeia contra a Síria, “mas o Irã não é membro da EU”. Em segundo, por princípio “a UE não impõe suas sanções aos outros, quem o faz são os EUA”.
No afã de manter o Golfo Pérsico como um barril de pólvora, um dos motivos para a viagem do maníaco de guerra, John Bolton, a Londres na semana anterior foi o esforço para manter a apreensão do petroleiro iraniano.
Como postou nas redes sociais o embaixador iraniano na Grã Bretanha, Hamid Baeidinejad, a América – melhor dizendo, Trump – “tentou desesperadamente bloquear a liberação do petroleiro até o último minuto, mas sofreu uma derrota humilhante”. Sobre a mudança de nome ele explicou que era uma questão ligada à mudança de bandeira, e que o petroleiro não está sujeito a quaisquer sanções e sua carga pertence à estatal de petróleo iraniana. A propósito, Teerã esclareceu que não fez nenhum compromisso quanto à destinação da carga – como asseverou o representante de Londres em Gibraltar, ao explicar a mudança de posição quanto ao navio