STF questiona demissão de delegadas do caso Allan dos Santos
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cobrou explicações da cúpula da Polícia Federal sobre as exonerações de delegadas que atuaram no processo de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.
Muito próximo da família de Jair Bolsonaro, o blogueiro é investigado no inquérito das milícias digitais que disseminam fake news e ataques à democracia. Ele está foragido nos Estados Unidos por ter um mandado de prisão em aberto.
Segundo fontes do STF, a cobrança de Moraes à PF ocorreu na semana passada, após a exoneração da delegada Dominique de Castro Oliveira do cargo que ela ocupava na Interpol. Ela foi responsável por processar a ordem expedida em outubro pelo ministro, mandando incluir o nome de Allan dos Santos na lista de difusão vermelha da polícia internacional.
A inclusão do nome na lista equivale a uma ordem internacional de prisão, para que a pessoa seja presa ao ser localizada em qualquer um dos 190 países-membros da instituição.
Dominique, que trabalhava há 16 meses na Interpol Brasil, foi a segunda delegada da PF afastada após cumprir um papel que resultasse na extradição do miliciano.
Antes dela, em novembro, a diretora de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, foi demitida logo depois de ter encaminhado o pedido de extradição de Allan.
Moraes criticou o “timing” das exonerações das delegadas, que foram afastadas das funções que exerciam pouco tempo depois de darem prosseguimento a uma ordem dele.
Em resposta ao ministro do Supremo, a Polícia Federal alegou que as exonerações não teriam sido motivadas pelo envolvimento das delegadas na extradição do blogueiro bolsonarista.
Por meio de nota, a cúpula da PF disse apenas que não tinha havido exoneração de Dominique, e sim um “remanejamento” da delegada para recompor “o carente quadro de delegados” da Superintendência da corporação no Distrito Federal.
Em mensagem a colegas, a delegada manifestou “incredulidade” em relação ao ocorrido e falou sobre uma “forte sensação de revolta e de estar sendo injustiçada”.