Terroristas do Estado Islâmico quando da ocupação na Síria

A CIA está recrutando militantes do Estado Islâmico, detidos em prisões e campos controlados por curdos (e norte-americanos) na Síria, para enviar para a Ucrânia, revelou uma fonte à Sputnik.

“De acordo com informações disponíveis, a CIA dos EUA está recrutando ativamente militantes do Estado Islâmico (Daesh, na sigla em árabe), mantidos em prisões e campos controlados pelos curdos no nordeste da Síria. Os americanos estão transferindo terroristas para suas instalações sob o pretexto de conduzir investigações adicionais com a perspectiva de transferir [jihadistas] para a Europa”, disse a fonte.

O Estado Islâmico, facção terrorista formada como parte da guerra por procuração dos EUA contra a Síria e seu presidente, Bashar Al Assad, e derivada da Al Qaeda, tornou-se mundialmente notória por degolar prisioneiros e outras atrocidades, e acabou saindo do controle dos norte-americanos, ao proclamar um “emirado” que incluía partes do Iraque e da Síria.

Até o momento, os curdos já entregaram aos Estados Unidos vários líderes de alto escalão do Estado Islâmico e cerca de 90 combatentes, principalmente entre cidadãos oriundos dos países da União Europeia (UE), Iraque, da República da Chechênia da Rússia e da República de Xinjiang da China, acrescentou a fonte.

Ainda segundo a fonte, por enquanto os EUA estariam planejando manter os jihadistas no território de sua base militar At-Tanf, localizada no sul da Síria. “No futuro, Washington pretende enviá-los para a Ucrânia para que participem das hostilidades contra as Forças Armadas russas”, disse a fonte.

Quando da queda de Cabul para os combatentes talibãs, veio a público que, nos meses que antecederam a retirada, a CIA andou realizando uma ponte aérea levando ex-presos do Estado Islâmico desde as áreas ocupadas pelos norte-americanos na Síria, até a província mais extrema no leste do Afeganistão, com o objetivo de criar um reduto para atacar futuramente Xinjiang, na China, além de servirem como massa de manobra para Washington no país que ficou 20 anos sob ocupação.

Essa não é a única operação encoberta de Washington visando a Ucrânia. Segundo o New York Times, no artigo ‘Rede de Comandos Coordena o Fluxo de Armas na Ucrânia’, funcionários sob anonimato relataram que a capacidade do regime de Kiev resistir “depende mais do que nunca da ajuda dos Estados Unidos e seus aliados” – incluindo uma “rede furtiva de comandos e espiões” correndo para fornecer armas, inteligência e treinamento.

O Times admite que “alguns funcionários da CIA continuaram a operar no país secretamente, principalmente na capital, Kiev”, apesar de Washington negar o envio de botas ao solo ucraniano.

Grande parte desse trabalho de fornecimento de armas, inteligência e treinamento “acontece fora da Ucrânia, em bases na Alemanha, França e Grã-Bretanha”, de acordo com funcionários atuais e antigos ouvidos pelo jornal.

Acresce o NYT que “ao mesmo tempo, algumas dezenas de comandos de outros países da Otan, incluindo Grã-Bretanha, França, Canadá e Lituânia, também estão trabalhando dentro da Ucrânia”.

A propósito, é bastante conhecido o papel da CIA no sucesso do golpe de 2014 em Kiev e deposição do presidente legítimo, Viktor Yanukovich, que rasgou o acordo para realizar eleições normalmente no ano seguinte, em que os neonazis funcionaram como tropa de choque de Maidan. A que se seguiu a perseguição, primeiro aos comunistas, e depois, aos de fala russa em geral, dividindo a Ucrânia e causando o levante no Donbass.