Sonegação fiscal e fraude levam Organização Trump a indiciamento
No primeiro caso criminal contra organizações e pessoas ligadas às atividades comerciais do ex-presidente Donald Trump, os promotores de Nova York indiciaram a Trump Organization, a Trump Payroll Corporation e o diretor financeiro Allen Weisselberg por 15 acusações criminais, de sonegação fiscal a fraude, entre 2005 e 2021. Ele trabalha para Trump há cerca de 50 anos.
As acusações contra a Trump Organization, Trump Payroll Corporation e Weisselberg incluem uma acusação de esquema para fraudar no primeiro grau e conspiração no quarto grau, quatro acusações de fraude fiscal criminal no terceiro grau e quatro acusações de falsificação de registros comerciais no primeiro grau. Além disso, Weisselberg está sendo acusado de grande furto em segundo grau e quatro acusações de oferta de instrumento falso para arquivamento em primeiro grau.
“Para ser franco, este foi um esquema abrangente e audacioso de pagamentos ilegais”, disse Carey Dunne, conselheiro geral do promotor distrital de Manhattan, segundo o New York Times.
Na acusação de 25 páginas, o promotor distrital de Manhattan Cyrus Vance Jr. registrou que o objetivo do esquema era “compensar Weisselberg e outros executivos da Trump Organization de uma maneira que estava ‘fora dos livros’: os beneficiários do esquema recebiam porções substanciais de sua renda por meios indiretos e disfarçados, com compensação que não foi relatada ou relatada incorretamente pela Trump Corporation ou Trump Payroll Corp” ao IR.
A acusação apontou que de 2005 a 2017, “os réus corporativos forneceram a Weisselberg aproximadamente $ 1.174.018 em renda não reclamada resultante do pagamento de seu aluguel e despesas relacionadas”. Outros benefícios não declarados e não tributados, que incluem carros de luxo, elevaram a mais de US $ 1,76 milhão o total geral embolsado ilegalmente por Weisselberg.
Na audiência na quinta-feira Weisselberg se declarou “inocente” e acabou liberado após pagamento de fiança. Ele chegou a ser brevemente algemado e teve seu passaporte apreendido por, segundo os promotores, apresentar um “alto risco de fuga”.
A CNN considerou as acusações relativamente moderadas em comparação com o patamar de fraude da qual Trump é notório há décadas. Em comunicado, a Trump Organization alegou que seu executivo financeiro estava sendo usado como “peão em uma estratégia de terra arrasada para tentar prejudicar o ex-presidente”.
Trump alegou que as ações de sua empresa eram “práticas padrão em toda a comunidade empresarial dos Estados Unidos, e de forma alguma um crime.”
Críticos acham que as acusações da promotoria, em grande parte focadas em Weisselberg, omitem o direcionamento muito maior de dinheiro por baixo da mesa para os filhos de Trump, parte do que foi previamente documentado na mídia.
Há quem acredite que a promotoria está tentando levar Weisselberg, um cão de fila das transações encobertas de Trump, a fazer um acordo de cooperação, como aconteceu antes com o ex-advogado faz-tudo Michael Cohen, e se torne testemunha da acusação.
A Trump Organization se declarou, através de um advogado, “inocente” de todas as acusações. Como diria o sempre atual Raul Seixas, “Hei, Al Capone, vê se te emenda/ Já sabem do teu furo, nego/ No imposto de renda”.