Com a retirada das tropas dos EUA, exército Sírio entra em Raqqa depois de seis anos - FARS News Agency

Depois de deixar as bases ao nordeste da Síria, nas proximidades das cidades de maioria curda, Manbij e Kobane (cujo nome árabe é Ayn Al Arab), os Estados Unidos informam que também se retiraram de bases próximas às cidades de Raqqa e Tabqa, a sudeste.

Ao mesmo tempo, forças sírias avançaram nestas cidades próximas à fronteira turca. A agência de notícias síria, SANA, divulgou fotos nas quais as forças governamentais hastearam bandeiras nacionais nos prédios públicos de Kobane.

A saída da região, tanto a de Raqqa, quanto a de Tabqa, foi confirmada em declarações do porta-voz das tropas de ocupação dos EUA, coronel Myles Caggins dizendo que continua a “deliberada retirada” e acrescentando que “no dia 16 saímos de Raqqa e Tabqa”.

A retirada norte-americana das bases que invadiram território sírio se deu, de acordo com o jornal New York Times, “às pressas”. A coisa aconteceu de tal forma que, apesar da declarada intenção quanto às bases deixadas para trás, de não entregá-las intactas para a entrada e ocupação por forças sírias ou russas, eles só o conseguiram com relação à primeira delas, a que ficava próxima a Kobane, que ficou totalmente destruída.

A segunda das bases abandonadas, a de Manbij, não pôde ser destruída (havia receio por Trump e o Pentágono de que foguetes vindos da Turquia – pelo menos um dos foguetes caiu perto da base de Kobane no início da retirada – provocassem baixas entre os soldados norte-americanos elevando o desgaste da Casa Branca).

Da base de Manbij, segundo informou o comando da invasão, foi retirado “equipamento”. Segundo jornais regionais, nas paredes da base foram desenhadas figuras obscenas e frases hostis. Forças russas entraram logo a seguir procedendo à limpeza do local.

A saída norte-americana da cidade de Raqqa, tem um significado especial pois foi esta cidade, que os bombardeios norte-americanos de junho a setembro de 2017, destruíram quase completamente. Ela havia sido ocupada pelos fanáticos do Daesh (Estado Islâmico) em 2013. Os norte-americanos, que a princípio viram neste bando um fator de desestabilização do governo sírio, constatando que os sírios, com o apoio russo, venciam os demais bandos financiados pelos EUA, acabou usando o Daesh (desqualificados por suas assumidas execuções em massa) como pretexto para atacar e ocupar Raqqa e, das bases e postos de controle próximos à cidade atacar também as forças sírias que combatiam facções terroristas e o próprio Daesh.

O jornalista Thomas Gibbons (NYT), diz que a retirada é quase total, mas ainda restaram algumas centenas de soldados dos EUA na região sul do país, em especial nas fronteiras com o Iraque e com a Jordânia. Nesta última ficou a base de Al Tanf. Al Tanf está na passagem entre a Síria e Jordânia. Ficaram ainda mais alguns postos próximos às cidades de Dir Ezzor, Bukamal e Hajin.

Há intensas negociações mediadas pela diplomacia russa entre o governo sírio, o turco e as lideranças curdas na região. Resultado disso, as forças curdas, que haviam atuado durante todo o conflito ao lado dos Estados Unidos e foram postas diante de um avanço turco pela apressada retirada norte-americana, passaram a concordar em defender juntos a integridade do solo sírio, abrindo espaço para a entrada de forças governamentais sírias, sempre bem recebidas pelas populações locais a nordeste da Síria.  As forças do governo estavam fora da região, há 8 anos, desde o início do conflito importado pelos Estados Unidos para a Síria.