Proposta do governador Ratinho Júnior prevê uma primeira parcela de 0,5% em outubro. Categoria rejeita.

Os servidores públicos do Paraná, em estado de greve desde o dia 25 de junho e após intensas manifestações que levaram milhares de trabalhadores às ruas de Curitiba durante esta semana, receberam com indignação a proposta apresentada pelo governador Ratinho Júnior (PSD) nesta quarta-feira, em resposta às reivindicações da categoria.
Os servidores lutam por reajuste de 4,94% como reposição de perdas salariais que se estendem desde 2015 e contratação dos aprovados em concursos.
A proposta do governo, segundo o Fórum das Entidades Sindicais (FES), é parcelar o pagamento ao longo de quatro anos. Os 0,5% seriam pagos a partir do mês de outubro e mais 1,5% a partir de janeiro do ano que vem.
Já o outro 1,5% seria aplicado apenas em janeiro de 2021, no caso da receita corrente liquida (RLC) do ano anterior ter crescido pelo menos 6,5%. O restante (mais 1,5%) incidiria em janeiro de 2022, desde que a RCL tiver apresentado crescimento mínimo de 7% nos doze meses anteriores.
“Esta proposta é indecente, pois ela não contempla a real perda salarial e coloca em risco direitos já adquiridos pelo funcionalismo público”, diz o FES.
Além disso, o governador ficou de enviar um substituto geral, mas não tirar de pauta, o Projeto de Lei Complementar (PLC) 04/2019, que pretende congelar por 20 anos todas as promoções, progressões, quinquênios, anuênios e demais direitos dos servidores.
“Não é só essa ofensa de 0,5%, é nossa carreira que está em jogo. Essa proposta retira mais direitos, pois condiciona o reajuste ao fim da licença-prêmio e outros direitos. É uma proposta perversa. O FES não aceita negociar um direito em troca de outro. Não vamos dividir nossas categorias, não aceitamos trocar direitos”, afirma Marlei Fernandes, integrante do Fórum.
Diante das propostas do governo, os coordenadores decidiram intensificar as mobilizações e manter a greve. Uma reunião do comando de greve está marcada para quinta-feira (4).
Os servidores denunciam ainda o que consideram traição do governador Ratinho Júnior, que durante a campanha eleitoral de 2018, então candidato, prometeu trabalhar para garantir a reposição salarial do funcionalismo. No entanto, agora, recusa-se até mesmo a participar de uma mesa de negociação com a categoria, apresentando suas propostas em uma coletiva de imprensa.
“A proposta apresentada hoje é uma afronta às categorias. Como dizer a uma merendeira de escola, cujo salário é de pouco mais de mil reais, que seu salário será reajustado em cinco reais a partir de outubro? É uma vergonha para um governo que isenta em R$ 10,5 bilhões por ano, empresários e ruralistas”, diz nota da entidade.
Universidade de Londrina
Na terça-feira (2), os professores e servidores da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no norte do Paraná, decidiram aderir à paralisação estadual. Os professores decidiram parar por tempo indeterminado já a partir da terça, e os servidores, para cumprirem o prazo legal de comunicar o governo com 72 horas de antecedência, vão parar a partir de segunda-feira (8).
Hospitais, clínica odontológica e laboratórios de pesquisas da UEL, que não podem parar, terão seus serviços mantidos para os casos de emergências.