O comércio varejista no estado de São Paulo deixará de faturar em média R$ 4,1 bilhões por mês este ano caso não tenha uma nova rodada do auxílio emergencial pelo governo federal, aponta estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).

Sem a renda que ajudou 68 milhões de trabalhadores informais e desempregados em todo o país, durante o primeiro ano da pandemia da Covid-19, as vendas do varejo no estado podem cair 2,6% na comparação com o ano de 2020, o que representa um faturamento de R$ 747,5 bilhões.

No ano passado, segundo a Fecomercio-SP, as famílias que receberam o auxílio emergencial destinaram 67,7% da renda para o consumo de bens e produtos do varejo, o que resultou em R$ 32,4 bilhões para o setor. Em 2020, o total faturado pelo setor foi de R$ 779,9 bilhões, com média mensal de R$ 65 bilhões. Um aumento de 1,6% em relação a 2019.

Apesar do comércio varejista ter resultado positivo de 1,2% no ano passado, o último trimestre do ano foi desastroso para o setor. Em outubro (0,8%) e novembro (-0,1%) ficou em torno de zero e em dezembro despencou -6,1% com queda em todas as atividades. A partir de setembro, Bolsonaro cortou o auxílio emergencial aprovado pelo Congresso no valor de R$ 600 para R$ 300.

VENDAS NO PAÍS PODEM RECUAR 11,7%

A entidade estima que sem a renovação da renda emergencial este ano o recuo do varejo a nível nacional será de menos 11,7%, na comparação com 2020.

No ano passado, o faturamento no Brasil atingiu R$ 2,06 trilhões, com média mensal de R$ 172,2 bilhões. Para este ano, a expectativa da Fecomercio-SP é que os varejistas do país faturem R$ 1,87 trilhão, com uma média de R$ 147,8 bilhões por mês.

De acordo com o estudo, o auxílio emergencial injetou R$ 196,4 bilhões no varejo a nível nacional. “De tudo o que foi distribuído pelo auxílio, 68,3% foram destinados ao consumo varejista”, diz a nota da Fecomercio-SP.

DESEMPREGO

Com a economia já estagnada, o combate à pandemia da Covid-19 exigiu medidas de restrições das atividades econômicas não essenciais para preservar vidas e conter o avanço da doença, como a suspensão de eventos e o fechamento de lojas, e poucas foram as medidas do governo federal para garantir o funcionamento das empresas e o emprego dos trabalhadores.

Com o fim do auxílio, milhões de brasileiros se somam aos 14 milhões de desempregados registrados pelo IBGE em novembro do ano passado.

No ano passado, foram fechadas 60 mil vagas de empresas no comércio varejista, segundo a Fecomercio-SP. “Em um contexto de normalidade, o setor teria, hoje, 410 mil empresas, mas fechou o ano passado na marca de 350 mil – uma redução de 14%”, diz a entidade. No período, o volume de pessoal ocupado caiu cerca de 16%, indo de 2,5 milhões de postos ativos de trabalho para 2,1 milhões.

Em todo o país, o número de pessoas trabalhando no setor diminuiu em 1 milhão ao longo de 2020 – de 8,7 milhões de pessoas para 7,7 milhões. Foram fechadas cerca de 200 mil empresas durante o ano passado. Hoje, o setor registra cerca de 1,1 milhão de organizações operando no país.