Liberdade para Assange, exigem manifestantes diante da Corte londrina

A porta-voz do ministério das Relações Exteriores russa, Maria Zakharova, classificou na sexta-feira (10) como “vergonhoso” o veredicto de um tribunal britânico permitindo a extradição do jornalista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para os EUA, onde é acusado de “espionagem” por ter publicado denúncias de crimes de guerra norte-americanos no Iraque, Afeganistão e Guantánamo.

“O Ocidente teve uma comemoração e tanto do Dia dos Direitos Humanos e do fim de sua Cúpula pela Democracia”, ironizou Zakharova, em sua conta no Telegram.

Assange está ameaçado de 175 anos de prisão, em um presídio de segurança máxima nos EUA. A defesa dele já anunciou que irá apelar da decisão.

Em janeiro, um tribunal de primeira instância decidira que Assange não poderia ser extraditado para os EUA devido ao grande risco de que cometa suicídio no brutal sistema carcerário de segurança ‘supermax’, de isolamento praticamente total do condenado.

O tribunal de apelação considerou as “garantias” dos EUA adequadas e de “boa fé”, e que resolveriam a questão do risco de suicídio.

Entidades de defesa das liberdades civis no mundo inteiro, entre essas Repórteres Sem Fronteiras, Anistia Internacional, ACLU, Human Rights Watch e Sindicato de Jornalistas britânico condenaram a extradição como uma ameaça à liberdade de imprensa.

“A vida de Julian está mais uma vez sob grave ameaça, assim como o direito dos jornalistas de publicar material que governos e corporações considerem inconveniente”, advertiu o atual editor-chefe do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson.

“Como pode ser justo, como pode ser certo, como pode ser possível extraditar Julian para o mesmo país que tramou assassiná-lo?”, indignou-se a companheira de Assange e mãe de seus dois filhos, Stella Moris, referindo-se ao complô revelado pelo Yahoo!News em setembro, a discussão dentro da CIA para sequestrar e matar Assange, sob ordens do então diretor Mike Pompeo, fato que foi exposto ao tribunal em outubro. Antes de Pompeo, Hillary Clinton, quando era Secretária de Estado, chegou a sugerir usar um drone para liquidar Assange.

Stella também acusou o Reino Unido de aprisionar Assange “em nome de uma potência estrangeira que está levando um processo abusivo e vingativo contra um jornalista” e exortou “todos a se unirem e lutarem por Julian”.