“Comboios americanos retiram petróleo e grãos para fora da Síria", afirma Vershinin, vice-chanceler russo

A Rússia denunciou que os EUA estão engajados em uma operação em grande escala para contrabandear petróleo e grãos para fora da Síria, enquanto a população do país devastado pela guerra sofre de uma aguda escassez de produtos básicos.

“Continuam chegando relatórios de que comboios americanos estão transportando petróleo e grãos da Síria para o Iraque diariamente. A informação [que] recebemos sugere que 300 caminhões-tanque de petróleo e mais de 200 caminhões de carga com grãos cruzaram a fronteira Síria-Iraque desde o início do mês de março”, disse o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Vershinin, em uma reunião virtual do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação humanitária na Síria no início da semana.

Ele acrescentou que em um momento em que “os sírios estão sofrendo de escassez aguda de produtos básicos, incluindo pão e petróleo, um grande fluxo de recursos naturais contrabandeados da Síria está fluindo da região Trans-Eufrates controlada pelos EUA, enquanto a Síria está simultaneamente sufocada com sanções unilaterais que são essencialmente uma forma de punição coletiva.”

É nas áreas situadas no norte da Síria, que não estão sob o controle do governo de Damasco, que é mais difícil a situação humanitária, destacou o diplomata russo.

“Hoje, a esmagadora maioria dos sírios [nessas áreas], mais de 90%, vive abaixo da linha da pobreza, 60% estão desnutridos e dois milhões de crianças não têm acesso à educação”, acrescentou Vershinin.

Ele responsabilizou os terroristas que controlam a região de Idlib por impedirem o acesso de civis à ajuda humanitária e dificultarem seu êxodo da região através dos corredores especiais criados para facilitar sua saída.

Os países ocidentais – advertiu – estão “politizando a questão da assistência humanitária à Síria” e “endurecendo as sanções” contra o país dilacerado pela crise, isso em meio ao surto de Covid-19.

Para muitos analistas, desencadear uma guerra econômica através de sanções contra um país devastado em plena pandemia só pode ser caracterizado como “crime contra a Humanidade”.

O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia também repudiou a hipocrisia dos representantes dos Estados Unidos e de outros países ocidentais que não mencionam os efeitos negativos das sanções unilaterais sobre a vida de sírios comuns em seus discursos na sessão do Conselho de Segurança da ONU.

“A reação de Washington e Bruxelas ao apelo do secretário-geral da ONU para aliviar e suspender as sanções unilaterais em meio à pandemia do coronavírus foi, ao contrário, apertar, de forma sem precedentes, as restrições adotadas [enquanto] contornavam o Conselho de Segurança da ONU, incluindo a introdução da infame Lei César em junho de 2020”, denunciou Vershinin.

Ele acrescentou que “infelizmente o ilustre representante dos EUA e outros colegas ocidentais falaram sobre muitas coisas nos discursos de hoje, exceto sobre as sanções dos EUA e da UE e seu dramático efeito negativo sobre os sírios comuns”.

Vershinin enfatizou ainda a condenação de Moscou às “contínuas violações por certos Estados ocidentais do espírito e da letra da Resolução 2254 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que pede uma solução política para o conflito na Síria com base também no compromisso com a soberania do país e integridade territorial bem como com os objetivos e princípios da Carta das Nações Unidas”.

Recentemente, o Ministro do Petróleo e Recursos Minerais da Síria, Bassam Tomeh, estimou em mais de US$ 92 bilhões as perdas diretas e indiretas da Síria com a pirataria dos EUA do setor de petróleo sírio. Após a posse de Joe Biden, não houve nenhuma mudança em relação à política de Trump de roubo descarado do petróleo sírio sob a mira de armas dos marines.