Em 19 de julho, a Marinha iraniana capturou o petroleiro britânico Stena Impero

A Rússia afirmou que os argumentos do Irã para a recente apreensão de um petroleiro britânico no estreito de Ormuz foram mais convincentes do que os de Londres para sua captura de um superpetroleiro iraniano em Gibraltar.

“Os argumentos citados pelo lado iraniano para explicar suas ações são muito mais convincentes do que vagas referências à lei de sanções da União Europeia que foram usadas pelas autoridades de Gibraltar com o apoio do Reino Unido no momento da prisão de um petroleiro com bandeira iraniana”, disse o vice-chanceler russo Sergei Ryabkov.

“Os argumentos do Irã são muito mais corretos do que os de Gibraltar e Londres, que estão se entregando à pirataria”, acrescentou. “O Irã está cuidando da ecologia no Estreito de Ormuz.”

Em 19 de julho, a Marinha da Guarda da Revolução Islâmica (IRGC) capturou o petroleiro britânico Stena Impero por violar as leis marítimas internacionais e poluir o estreito de Ormuz no Golfo Pérsico, principal via para escoamento do petróleo do Oriente Médio. O Impero também desligou seu localizador de GPS. O petroleiro foi levado para o porto de Bandar Abbas, no sul do Irã.

A apreensão do petroleiro britânico pelo Irã ocorreu quase um mês depois de Londres ter confiscado um superpetroleiro iraniano por supostamente violar as sanções unilaterais da União Européia contra a Síria.

A Rússia também tomou o lado do Irã quanto à alegação dos EUA de que Teerã não deveria poder enriquecer urânio em nenhum nível.

O representante da Rússia nas organizações internacionais em Viena, Mikhail Ulyanov, afirmou que os signatários do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (NPT, na sigla em inglês), podem enriquecer urânio, como estabelece o tratado.

“Esse é seu direito inalienável, e ninguém pode negar-lhes esse direito”, enfatizou Ulyanov, repelindo alegações do conselheiro de segurança nacional do presidente norte-americano, John Bolton.

Na sexta-feira, Bolton postou que “um dos piores erros do acordo com o Irã, agora em plena exibição, era permitir que o Irã mantivesse suas capacidades de enriquecimento”. “Não deveria haver enriquecimento para o Irã”.

Por sua vez, o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, advertiu que os maníacos de guerra dentro do governo Trump estão tentando arrastar a Grã Bretanha para seu agravamento da crise no Oriente Médio.

“Não se equivoquem: depois que Bolton fracassou a arrastar a Donald Trump na Guerra do Século, ele, temendo a ruptura de seu Time B, usa seu veneno contra o Reino Unidos na esperança de arrastá-lo nesta crise. Só com prudência e inteligência se poderá resistir a tais truques”.

Em diversas oportunidades, Zarif tem denunciado o “Time B”, composto por Bolton, pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, e pelos príncipes herdeiros da Arábia Saudita e dos Emirados, respectivamente Mohamed bin Salman (popularmente MBS) e Mohamed al Nahyan, aos quais acusa de “desprezar a diplomacia e buscar uma guerra” no Golfo Pérsico.

​Depois de ter, nos últimos meses enviado um grupo de combate naval encabeçado por um porta-aviões nuclear, um esquadrão de bombardeiros estratégicos B-52 e baterias de anti-mísseis Patriot, e numa região onde os EUA já mantêm milhares de soldados permanentemente, o regime Trump se decidiu pelo formidável reforço com quinhentos soldados, que vão para a Arábia Saudita. Em junho, quando do abate, pelo Irã, de um drone espião norte-americano invasor, o presidente Trump piscou primeiro e recuou de um bombardeio a minutos de seu início, segundo afirmou.

 

De acordo com a agência iraniana Mehr, o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, afirmou, sobre a apreensão do Stena Impero, que “os britânicos cometeram um ato de pirataria e nós respondemos”. Na ONU, a representação britânica acusou Teerã de ter capturado o petroleiro Impero em “águas territoriais de Omã”, o que é negado pelo Irã. Moscou, que tem três cidadãos seus entre os 23 tripulantes do petroleiro detido, afirmou que a tripulação está segura e a salvo. Há, ainda, indianos, letões e um filipino.

Nesta segunda-feira, ainda sob a direção de Theresa May, o governo inglês realiza nova reunião de emergência sobre o caso. O líder da oposição, Jeremy Corbyn, havia advertido contra os ingleses serem arrastados para essa crise que, de acordo com ele, tem na base o rompimento unilateral, por parte do governo Trump, do acordo nuclear consagrado pelo Conselho de Segurança da ONU e fiscalizado pela Agência Internacional de Energia Atômica.